Por bianca.lobianco

Rio - Os recentes casos de policiais investigados por envolvimento em crimes de grande repercussão não serviram de exemplo. Nesta segunda-feira, cinco PMs foram presos pela Polícia Federal — sendo um do setor de Inteligência (P2) — por envolvimento com tráfico de drogas na Rocinha. Em troca de informações sobre operações e investigações e para deixar a venda de entorpecentes fluir livre, eles recebiam R$ 40 mil por mês do grupo do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está no presídio federal de Segurança Máxima, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O pagamento era semanal — R$ 10 mil — e dividido entre os militares, segundo a PF. Na ação, foi descoberta a negociação para unir facções no Rio.

Os presos vão responder por tráfico e corrupção. As investigações duraram quatro meses. O pagamento seria feito por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que é foragido da Justiça. Ele era segurança pessoal de Nem e fez parte dobando que invadiu o Hotel Intercontinental em 2010.

Esposa do traficante Nem%2C presa nesta segunda-feira%2C já havia passado por um presídio femininoReprodução Internet

Ontem também foi presa a mulher de Nem, Danúbia de Souza Rangel, 30. Ela estava em casa, no bairro Piratininga, em Campo Grande, quando foi surpreendida pelos agentes. A primeira-dama do tráfico da Rocinha agora seria a principal intermediária das ordens do marido para os traficantes da comunidade. Na residência de Danúbia, foram apreendidos uma moto Yamaha YBR 125, dez celulares e três tablets. Ela teve prisão temporária decretada por 30 dias e será transferida para o Rio.

Danúbia, que já foi presa em 2011, seria também o elo entre as facções Amigos dos Amigos (ADA), da Rocinha, e Terceiro Comando Puro (TCP), do Complexo da Maré, que tem Marcelo Santos das Dores, o Menor P, como chefe. Há um investigação que indica a união das duas organizações. Menor P, que foi preso na quarta-feira, estaria disposto em juntar as duas comunidades para fortalecer a venda de drogas. O advogado dele, Nilson Lopes dos Santos, foi preso ontem, à noite, na sede da PF, acusado de associação para o tráfico.

Secretaria diz que repudia corrupção

No grupo dos policiais presos há três do 23º BPM (Leblon), mas que atuavam na pacificação da Rocinha: os sargentos Arnaldo Damião Cavalcante, Mário Alvispo Junior e o cabo Sidney Leão dos Santos Filho. Da UPP, os acusados são os soldados Alessandro Mendes dos Santos e Ramon Santiago de Moura. Eles foram ouvidos na sede da PF e levados para o Batalhão Prisional. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que a “corrupção policial não é tolerada e que o combate contra este crime já resultou na expulsão de 1.640 policiais militares e civis na atual gestão”.

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