Rio - Frustação e revolta foram os sentimentos de um grupo de moradores de Santa Teresa, na região central do Rio, após um acusado de praticar vários furtos a residências no bairro ser detido no fim da noite desta segunda-feira. Segundo o grupo, o homem de 24 anos acabou liberado pela Polícia Civil, mesmo tendo confessado a eles a prática de crimes. A 5ª DP (Mém de Sá) e a 7ª DP (Santa Teresa) registraram a ocorrência de invasão de domicílio.
Segundo os moradores, a onda de furtos a residências cresceu em Santa Teresa depois do Carnaval. O acusado dos crimes chegou a ser identificado por várias vítimas e fotos dele circulavam pelas redes sociais formadas por moradores do bairro. Eles denunciam que apenas um proprietário de imóvel na Ladeira do Meireles foi furtado 15 vezes.
Por volta das 23h, uma empresária de 50 anos surpreendeu o acusado pulando o muro da casa dela, na Rua Luarinda Santos Lobo. Um vigia da rua e o namorado da filha dela, de 25 anos, conseguiram deter o suspeito. Ele foi reconhecido por já ter furtado o imóvel há duas semanas. A mulher contou que acionou o serviço 190. PMs do 5º BPM (Praça da Harmonia) teriam levado mais de uma hora para chegar ao local. Pouco antes da chegada, o detido conseguiu se desvencilhar e fugir, mas foi recapturado pelos militares.
Ainda segundo a empresária, na 5ª DP, central de flagrantes da região, o delegado de plantão teria informado que o caso deveria ser encaminhado para a 7ª DP para registro de invasão de domicílio e posterior liberação do acusado, já que não havia flagrante de furto ou roubo. No entanto, os moradores afirmam que o suspeito confessou outras invasões e furtos de imóveis no bairro.
"Estamos inseguros apesar de já sabermos quem vem praticando esses furtos. O sentimento é de profunda frustração, insegurança e revolta. Ele (acusado) confessou vários crimes e inclusive pediu desculpas a nós. Agora vamos ter que investir mais dinheiro para comprar equipamentos de segurança para nossas casas e perder noites de sono com medo de novos roubos", protestou um artista plástico de 48 anos, morador da Rua Monte Alegre. Ele já teve a casa invadida três vezes. Em uma delas estava no imóvel e teve notebook e material fotográfico e de som levados.
Para a empresária que teve a casa invadida, a burocracia foi inexplicável. Ela confirmou que o acusado confessou roubos a outras residências. O grupo aguardou a saída do suspeito até às 3h, mas acabou desistindo.
"Vamos ter que nos proteger com as próprias mãos. Até os PMs ficaram surpresos com a decisão de soltá-lo. Vamos para casa pedir uma pizza e esperar que ele (acusado) invada a casa novamente. Aqui não tem polícia", protestou a empresária, antes de deixar a porta da delegacia.
"Como a PM demorou fiquei conversando com ele durante muito tempo. Disse que é usuário de crack, morador do Morro do Fogueteiro (no Rio Comprido) e que com o material que furta, compra a droga. Ele sabe que não vai ficar preso, da impunidade. Para a gente o risco é maior, já que ele sabe onde as vítimas moram. O sentimento é de frustração depois de quatro horas de ocorrência", lamentou o artista plástico de 25 anos, namorado da filha da empresária.
De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado na 7ª DP (Santa Teresa) como crime de violação de domicílio. Na 5ª DP (Centro), a autoridade policial apreciou o fato e entendeu que não havia situação de flagrante. O suspeito assinou um termo circunstanciado na 7ª DP e vai responder pelo crime, em liberdade, no Juizado Especial Criminal (Jecrim).