Por daniela.lima

Rio - O teatro Ipanema, na Zona Sul do Rio, mais uma vez esteve lotado neste domingo. Mas desta vez o público não compareceu para assitir a um espetáculo, e sim para prestar a última homenagem a um grande ator: José Wilker. Após velório que durou a madrugada inteira e seguiu pela manhã de hoje, o corpo do artista seguiu para o Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária, para ser cremado. A cremação deve começar por volta das 18h. O diretor morreu de infarto enquanto dormia neste sábado. 

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O carro da funerária deixou o Teatro Ipanema ao som de uma salva de palmas dos fãs que aguardavam do lado de fora. Famosos compareceram em peso no velório do ator para o último adeus. Renatas Sorrah comentou a morte de Wilker. "Nada. Ele não sentiu nada. Foi dormir normalmente, sem dor, desconforto, nada". Pensativo, o diretor Wolf Maia falou sobre a importância de aproveitar a vida. "Temos que viver intensamente, aproveitar cada momento, curtir os amigos...não sabemos do amanhã", disse. 

Fãs aplaudiram a saída do corpo do ator do Teatro Ipanema%2C após velórioAnderson Borde e Marcello Sá Barretto/ Ag.News

"Nos falamos ontem (sexta-feira). Nos sacaneamos um ao outro, como sempre, brincalhão que ele era. Achei que não era possível, que fosse boato da internet, mas ele se foi dormindo, brincando, feliz", disse o diretor Dênis Carvalho, consolado por Daniel Filho.

O ator Ary Fontoura, uma das últimas pessoas a falar com Wilker parecia ainda não acreditar que o amigo se foi. "O que dizer em um momento como esse? Ele é uma pessoa simples e complexa ao mesmo tempo e que vai fazer muita falta". 

Dennis Carvalho e Daniel Filho no velório de WilkerOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Morreu enquanto dormia

Assessor e amigo de José Wilker, Claudio Rangel, disse neste sábado que o ator morreu enquanto dormia. "Assim que a Cláudia (namorada) viu que ele não acordava, ela me ligou. Chamamos os médicos, mas não havia mais nada para fazer. Ele morreu dormindo. Graças a deus não sentiu dor", contou o assessor em
entrevista à Globo News.

O ator José Wilker morreu na manhã deste sábado, ao 66 anos, no Rio de Janeiro. O artista faleceu em casa vítima de um infarto fulminante. Ele deixa três filhas: Isabel, Mariana e Madá Wilker.

Wilker nasceu em Juazeiro do Norte, no Ceará, em 20 de agosto de 1947. Durante quase 50 anos de carreira, foi um ator, diretor, narrador, apresentador e crítico de cinema. Participou de mais de 40 filmes e 20 novelas. A última participação do ator em novelas foi em 2013, em "Amor à Vida", de Walcyr Carrasco, como o médico Herbert. Em 2012, ele esteve no remake de "Gabriela", como o coronel Jesuíno, que matou a mulher, interpretada por Maytê Proença, e o amante dela tiros após descobrir a traição. 

Coronel Jesuíno ficou famoso pelo bordão 'Vou lhe usar'%2C em 'Gabriela'Divulgação

'Vou lhe usar'

Nascido José Wilker de Almeida, o ator começou a carreira como locutor de rádio no Ceará, sua cidade natal. Ao longo de quase 50 anos de carreira participou de mais de 40 filmes e mais de 30 novelas, além de minisséries e programas de TV. Seu primeiro filme, em 1965, foi "A Falecida", mas sua participação não  foi creditada. Em 1979 estrelou "Bye Bye Brasil" e em 1985, no elenco de "O Homem da Capa Preta".

Entre as novelas merece destaque "Roque Santeiro" na qual deu vida ao personagem-título. Ao lado de Regina Duarte e Lima Duarte conquistou o público. Giovanni Improtta foi outro personagem que caiu nas graças do público na trama "Senhora do Destino", o sucesso foi tanto que ele acabou ganhando um filme só para ele em 2013. O personagem é lembrado até hoje por seus bordões, entre eles "Felomenal" e "O Tempo Ruge e a Sapucaí é Grande". O ator também deu vida ao ex-presidente Juscelino Kubitschek na minissérie "JK".

Em 2013, virou meme nas redes sociais por conta de seu personagem na segunda versão de "Gabriela". O Coronel Jesuíno soltava o bordão "Vou lhe usar" para dizer a esposa - interpretada por Maitê Proença - que queria ter uma noite de amor. De 1997 a 2002, dirigiu episódios do humorístico "Sai de Baixo" chegando
a atuar em um deles.

No cinema , o destaque vai para o personagem Tiradentes, no filme "Os Inconfidentes" (1972); Vadinho, do filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976); o político Tenório Cavalcanti do longa "O Homem da Capa Preta" (1986) e Antônio Conselheiro, do título "Guerra de Canudos" (1997).

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