Rio - A situação esteve muito tensa na região do Engenho Novo e Jacaré, na Zona Norte do Rio, onde aconteceu na manhã desta sexta-feira a reintegração de posse, determinada pela Justiça, do prédio da Oi, ocupado por cerca de 5 mil pessoas e que ficou conhecido como "Favela da Telerj". A todo momento policiais militares e manifestantes entravam em confronto em diversos pontos. De acordo com o porta voz da PM, tenente coronel Claudio Costa, a desocupação foi concluída em três horas.
>>> GALERIA: Reintegração de posse termina com depredação e incêndio
Na Avenida Dom Hélder Câmara, dois caminhões foram incendiados. Quando o fogo cessou, um dos veículos foi saqueado. O clima esteve tenso também na entrada da favela do Jacarezinho, onde policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) tiveram de dispersar os manifestantes, no acesso pela rua Álvares de Azevedo, com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Repórter é detido pela polícia
O repórter Bruno Amorim, do "O Globo" foi detido por PMs enquanto filmava a ocupação, sob a acusação de incitar a violência e atirar pedras contra os policiais. O jornalista, que filmava a ação dos PMs, teve seu celular quebrado. Além disso, carros da TV Globo, SBT e Record foram apedrejados pelos manifestantes.
Manifestantes atearam fogo num carro da Polícia Militar e também num ônibus e feriram cinco policiais com pedradas. Neste momento, tentam incendiar um micro-ônibus da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) que está estacionado na Rua Álvaro Seixas, no Largo do Jacaré. Homens da tropa de Choque da PM estão usando balas de borracha para tentar afastar os manifestantes.
Bancos são saqueados
Na Rua Lino Teixeira, no Jacaré, agências do Itaú e Caixa foram saqueadas e quebradas por manifestantes. Com chegada do Batalhão de Choque, eles saíram do local com computadores, materiais eletrônicos dos bancos para favelas próximas.
Um Centro Integrado de Educação Pública (Ciep), na Rua Álvares de Azevedo foi atingido a pedradas. O acesso à rua foi bloqueado por manifestantes que fecharam a pista com pedaços de paus, pedras e pneus.
Em nota, o governo do estado, informa que, cumpre ordem judicial expedida pela juíza da 6ª Vara Cível da Comarca Regional do Méier, Maria Aparecida Silveira de Abreu, que deferiu liminar para reintegração de posse do imóvel localizado na Rua 2 de Maio, no Engenho Novo. A Polícia Militar realiza a operação de apoio aos 40 oficiais de Justiça que cumprem o mandato.
Bombeiros atendem sete pessoas
A reintegração de posse da "Favela da Telerj" fez pelo menos sete vítimas, entre elas três menores de idade - de 9 anos, 13 anos e um bebê de seis meses. A maioria foi atendida por inalar fumaça no incêndio que atingiu parte do local.
Cerca de 80 militares de 16 quarteis (Humaitá, Méier, Ramos, Vila Isabel, Benfica, São Cristóvão, Irajá, Nova Iguaçu, Caju, Grupamento de Operação com Produtos Perigosos, Grupamento de Busca e Salvamento, Campinho, Alto da Boa Vista, Grajaú, Quartel Central e Catete) estão no local desde às 4h desta sexta-feira.
Além dos atendimento às vítimas, os militares também realizaram combate a focos de incêndio em quatro ônibus, um carro e dois caminhões nos arredores da localidade, além das chamas que atingiram o interior da edificação.
Os três adultos atendidos foram encaminhados para a UPA do Engenho Novo e dos menores apenas o adolescente de 13 anos levado para o Hospital Municipal Salgado Filho. Ocupantes do terreno denunciaram a morte de três crianças carbonizadas após o incêndio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, até o momento, não foram localizados corpos no local.