Por adriano.araujo

Rio - O aumento da violência na Grande Tijuca levou moradores e parentes de vítimas para as ruas do bairro ontem, às 14h. Famílias pediram justiça e mais policiamento. Casos como o do jovem Daniel Pereira, morto em uma saidinha de banco na Rua Conde de Bonfim há duas semanas, motivaram a manifestação.

Cerca de 200 pessoas se concentraram na Praça Saens Peña, onde fizeram orações e deram as mãos em volta do chafariz pedindo paz no bairro. Depois, seguiram em direção ao local em que Daniel foi assassinado. Pais e amigos do jovem colocaram rosas brancas na calçada onde ele caiu após ser atingido. De acordo com os participantes, a intenção é marcar outras passeatas.

Moradores fizeram manifestação na Praça Saens Peña após o assassinato de personal trainerFernando Souza / Agência O Dia

A advogada Rosa Pinho, testemunha da morte de Daniel, que aconteceu no dia 28 de março, criou um evento da mobilização no Facebook. Moradora do bairro há dez anos, Rosa escreveu seu testemunho na rede social. Outros moradores entraram em contato, e a ideia da passeata surgiu. “Queremos um basta. Não passa um dia sem que alguém seja assaltado aqui,” disse ela.

Pai de Daniel, o também advogado Carlos Arthur, 59 anos, conta que o filho amava a cidade: “Daniel me dizia: ‘Fica tranquilo, pai, agora tem UPP e a Copa está chegando’”. A melhor amiga do rapaz, Tainá Braga, 32 anos, também se juntou à manifestação. “Estamos aqui para pedir justiça. As leis nunca são cumpridas!”

Há uma semana, o professor de Educação Física Silvio José Correia Travancas, 51 anos, foi morto em uma tentativa de assalto também na Tijuca. Sylla Regina Correia, mãe da vítima, protestou ao lado da família. “Tenho netos. Estou aqui por eles. Espero que o Brasil acorde,” disse, emocionada.

O psicólogo Carlos Santiago, pai de Gabriela Ribeiro, assassinada em 2003 em uma estação de metrô na Tijuca, lembrou a perda de efetivo policial. “Antes das UPPs tínhamos 600 policiais nas ruas do bairro, agora temos 170. Queremos pressionar as autoridades,” reforçou ele.

Protesto por segurança em bairro nobre de Nova Iguaçu

?Pela segunda vez em uma semana, moradores de Nova Iguaçu foram às ruas ontem pela manhã protestar contra a violência no bairro. Cento e setenta pessoas atenderam à convocação pelas redes sociais e compareceram à Praça do K-11.

Segundo um dos organizadores da passeata, o funcionário público Eduardo Pereira de Souza, já foi possível ver, durante a mobilização, mais carros da Polícia Militar rodando pela cidade. “É uma pequena vitória. Mas vamos continuar. Domingo que vem, voltaremos às ruas. E vamos continuar até vermos algo efetivo por parte das autoridades”, disse.

A gota d’água para a revolta popular, de acordo com Eduardo, foi a morte, há 15 dias, num assalto no bairro, do técnico em manutenção de ar-condicionado Elson de Oliveira Silva, de 34 anos.

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