Rio - Cerca de 50 pessoas acompanharam na tarde desta sexta-feira, no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador, o enterro de Caio Henrique Santos da Silva, de 4 anos. O menino foi encontrado morto na última quinta-feira, dentro da máquina de lavar da casa da família, na Baixa do Sapateiro, no Complexo da Maré. À polícia, seu primo, um adolescente de 14 anos, confessou ter matado Caio porque a alegria da criança o incomodava.
Para a mãe do menino Caio, porém, o sobrinho cometeu o crime por vingança. “Ele tirou meu anjo, tirou meu único filho, minha alegria, minha vida”, chorava, agarrada ao caixão, Vanessa Lima dos Santos, 31 anos. “Sempre que ele (o adolescente) fazia alguma coisa errada eu o acolhia, mas não tinha condições de ficar com ele. Dessa vez eu o mandei voltar para casa. Ele matou meu filho por vingança”, acusou ela, que tem duas filhas, uma de 13 e outra de 16 anos.
Tio da vítima e do autor confesso do crime, Fábio Lima dos Santos, 34, diz que o adolescente é “problemático e cínico.” “Ele é capaz de fazer você ainda ficar com dó, de achar que a vítima é ele.”
Poucas horas antes de morrer, Caio e o primo brincaram juntos e o menino chegou a dar um bombom ao adolescente.
“O autor do crime percebeu que a vítima estava muito alegre e se sentiu incomodado com aquela alegria. Disse que queria estar em paz porque tinha muitos problemas. Ele estava vendo televisão, queria ficar quieto e se insurgiu contra a felicidade daquela criança. Tapou a boca dela e depois a matou. Ele contou que, depois, ficou sentado, torcendo para que ninguém descobrisse o corpo que havia escondido”, explicou o delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios.
Uma das irmãs de Caio, de 13 anos, que encontrou o corpo, disse que o primo, enquanto todos procuravam o menino, jogava videogame. “Quando achamos, ele disse: ‘Não fui eu, não fui eu’. Ele praticamente assumiu a culpa ali”, relatou a jovem.
Justiça decreta internação de menor
?A Justiça decretou também nesta sexta-feira a internação do menor que confessou ter matado Caio. Pouco antes, ele foi ouvido por um promotor. O adolescente, de 14 anos, será levado agora para uma das unidades do Degase, onde menores cumprem medidas socio-educativas.
Segundo seu tio, Fábio dos Santos, o menor “é problemático desde os 8 anos de idade.” De acordo com ele, o rapaz não conheceu o pai. “Ele era ladrão e sumiu sem nem ver o filho nascer”, contou o tio. Em seguida, a mãe foi presa e, quando saiu, o menino “já estava estragado”. Ele tinha 8 anos quando reencontrou a mãe. Seus dois irmãos mais velhos, segundo Fábio, ficaram com o adolescente nesse período. “Ele chegou a ser acompanhado por assistentes sociais, psicólogos, mas não teve jeito”, contou Fábio dos Santos.