Rio - O diretor de Distribuição da Cedae, Marcello Motta, esteve em Benfica e garantiu que a companhia vai ressarcir o prejuízo dos moradores. Técnicos da empresa começaram a fazer um levantamento das perdas já na manhã de ontem. No caso do imóvel que será demolido, a Cedae vai verificar se os proprietários já foram notificados quanto à proibição para construção no terreno da adutora.
A companhia, que pretende desativar a adutora naquela localidade, cedeu um carro pipa para que os moradores pudessem retirar a lama de suas residências. Aos fundos da área onde houve o estouro, algumas casas da Rua Araruá, em Vila Previdência, também sofreram inundações. O fornecimento de água foi cortado no Méier, Benfica e Jacarezinho. A previsão é de que esteja normalizado já no final da tarde de hoje.
Água invade residências
A manicure Leila Gonçalves, de 24 anos, acordou com um “rio” na porta de casa na madrugada de seu domingo de Páscoa. Ela e pelo menos outras 14 famílias da comunidade da Fazendinha, em Benfica, na Zona Norte do Rio, foram surpreendidas na madrugada de ontem, por volta de 2h, pelo vazamento de uma adutora da Cedae. A estimativa é de que mais de 15 casas tenham sido afetadas. Ao todo, dez casas foram previamente interditadas pela Defesa Civil, sendo que uma delas terá que ser demolida.
A inundação causou correria e pânico. “Só ouvi um barulho que parecia trovão e, depois, muita água. Cheguei a estranhar, pensando que era chuva, quando vi um rio na minha porta, só pensei em pegar meus filhos e marido e fugir”, conta ela, mãe de um bebê e de uma criança de 8 anos.
O montador de andaime José Fernando Passos França, 42, foi acordado por vizinhos,aos gritos, preocupados com as rachaduras nas paredes. “Acordamos eu e minha mulher. Só peguei documento, pois falaram que a parede já estava com estalos. Foi só colocar os pés fora da minha casa que o chão da entrada afundou comigo. Uns dez vizinhos vieram me ajudar a sair daquele buraco. A profundidade era na cintura, só pensava em escapar, antes que a água subisse mais”, contou.
Já de manhã, quando Leila voltou para casa, depois de a água baixar, o cenário era de destruição e hora de contar prejuízos. “Até a geladeira tombou com a força da correnteza. Perdi sofá, armário de cozinha, fogão, botijões e eletrodomésticos. Preciso que reponham minhas perdas rápido, pois não temos para onde ir”, afirma a manicure.
Moradora do local há dez anos, a auxiliar de limpeza Nádia França da Silva, 46, calculou um prejuízo de R$ 10 mil. “Estávamos dormindo quando ouvi uma gritaria. Achei que fosse briga e quando abri a porta, a água que já estava no meu quintal invadiu a casa toda. Tive perda total. A água estragou meus móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. O objeto mais velho eu comprei há dois anos. O resto era tudo novo. A geladeira tombou e ficou boiando. Ainda corri para salvar o que pudesse, mas só tive tempo de retirar a TV”, lamentou.
Depois da tensão na madrugada, a Cedae religou, momentaneamente, a água, por volta das 12h, para testes e provocou novo susto. “Eu já não dormi e agora a casa que tenho voltou a virar cachoeira? Vai desabar, já está um buraco enorme junto ao muro”, preocupou-se a auxiliar de cozinha Manoela Izidro, 36.
Colaborou Roberta Trindade