Por bianca.lobianco

Rio - A vida que quase imita a arte. O dançarino do programa Esquenta, da TV Globo, que morreu no Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul, na tarde desta terça-feira, foi protagonista de um curta-metragem, em junho do ano passado, em que é executado na favela onde mora. "Made in Brazil" tem seis minutos e foi feito para mostrar a realidade dos jovens de comunidade e a relação deles com a Copa do Mundo. Na história, Douglas Rafael chama-se apenas DG, apelido que tinha na vida real. Ele é morto por policiais militares quando deixava uma mercearia onde comprou fraldas para o filho. O curta foi produzido para ser apresentado num festival em Nova York.

>>> Galeria: Moradores fazem protesto após morte de Dançarino no Pavão-Pavãozinho

Douglas encenou sua própria execução em curtaReprodução Vídeo

Diretor do vídeo, Wanderson Chan, está chocado com a morte do dançarino. "O filme, de alguma forma, conta o fim dele. Eu fiz questão que fosse o Douglas o protagonista, porque ele era um rapaz do bem, tinha muitos sonhos e sua vida era muito parecida com a proposta do vídeo", contou Chan, emocionado. As cenas foram gravadas no Pavão-Pavãozinho e em comunidades da Baixada Fluminense.

Moradores fazem protesto por conta da morte de dançarino

O dançarino do programa Esquenta Douglas Rafael da Silva Pereira, 26 anos, conhecido como DG, foi encontrado morto nesta terça-feira na comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio. Moradores afirmam que o jovem foi atingido por policiais dentro de uma creche na comunidade após ser perseguido por PMs, confundido com um criminoso.

Ainda segundo os moradores, DG foi encontrado com sinais de enforcamento no interior da creche Solar Menino de Luz após a ação policial.

Dançarino teria sido encontrado enforcado dentro de uma creche no Pavão-Pavãozinho%2C dizem moradoresReprodução Internet

De acordo com a Polícia Civil, a perícia no local apontou que as lesões no corpo de Douglas são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da 13ª DP (Ipanema) estiveram no local. Testemunhas e moradores serão chamados para prestar depoimento.

Os manifestantes afirmam ainda que um menino conhecido como Mateusinho, 12 anos, teria sido atingido por um tiro de fuzil na cabeça. As polícias civil e militar não confirmam essa informação.

O garoto, que, segundo os moradores, tem problemas mentais, teria sido atingido quando descia a Ladeira San Roman perto da esquina com a Rua Sá Ferreira, em Copacabana. De acordo com os relatos, ele estava sozinho e com as mãos para o alto. Um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região, no entanto, disse que o menino foi atingido por uma pedra lançada pelos próprios moradores.

Na versão dos moradores, ele teria chegado morto ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, zona sul do Rio.

Um terceira pessoa foi encontrada morta no campo de futebeol na localidade. Trata-se de um homem de 30 anos. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde.

Centenas de pessoas pernmanecem no acesso à comunidade sem conseguir voltar para as casas após o protesto que interditou vias de Copacabana no início desta noite. Segundo eles, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) estaria realizando uma operação na favela. As ruas foram interditadas pelos manifestantes com barricadas de pneus e entulho.

O trecho da Avenida Nossa Senhora de Copacabana próximo à favela foi inteditado para a ação policial de repressão à manifestação. O túnel da Rua Sá Ferreira também está fechado ao trânsito. A entrada da estação do Metrô da Rua Sá Ferreira também teve que ser fechada por medidas de segurança. 

Colaborou: Flávio Araújo

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