Por karilayn.areias

Rio - Maria de Fátima Pereira, mãe de Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG dançarino do programa "Esquenta", acredita que o filho encontrado morto nesta terça-feira em uma creche da comunidade do Morro Pavão-Pavaozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, foi torturado antes de morrer. "Tenho certeza que ele foi torturado. As pessoas dizem que ouviram gritos e muitos moradores da comunidade já falaram isso", declarou ela na manhã desta quarta-feira.

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Maria de Fátima Pereira%2C mãe de Douglas%2C mostra foto do filhoAndré Luiz Mello / Agência O Dia

A dona de casa acredita que DG tenha sido torturado por policiais já que o rapaz foi encontrado com afundamento do lado direito do crânio, um corte no supercílio direito, machucado no nariz e marcas nas costas."Ele foi achado em posição como se tivesse lutando", disse. Maria também contou que DG foi encontrado sem os documentos e sem R$ 800. A carteira de identidade e o passaporte só apareceram na 13ª DP. "Os documentos dele estavam molhados assim como ele", falou. 

Ainda de acordo com Maria de Fátima, há cerca de dois anos, quando ainda trabalhava como mototaxista, DG teve o veículo apreendido pelos PMs. “Os policiais encheram o tanque da moto dele de areia”, contou a mãe. Dias depois, a moto foi furtada. Um morador contou à família que a moto foi levada numa picape pelos próprios policiais da UPP.

Para Maria de Fátima, a última imagem que vai ficar de seu filho é a lembrança dele vestido de coelho no especial de Páscoa do programa "Esquenta", onde Douglas distribuiu chocolate para as crianças e dançou alegremente. O corpo de DG será velado nesta quarta-feira, às 17h. O enterro está marcado para às 15h de amanhã, no cemitério João Batista, em Botafogo. 

Pezão pede empenho na investigação da morte de DG

Através de nota divulgada nesta quarta-feira, o governador do Rio Luiz Fernando Pezão determinou empenho total à Policia Civil na investigação da morte de Douglas Rafael da Silva Pereira. De acordo com o comunicado, o governador aguarda o resultado das investigações para tomar as medidas cabíveis. 

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora instaurou uma sindicância para apurar a morte do dançarino. Segundo o coronel Frederico Caldas, coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora, todas as acusações serão investigadas. “A necropsia certamente vai indicar com mais clareza a dinâmica de como tudo aconteceu. É preciso que tenhamos a isenção necessária para apurar todas as versões. A gente respeita a dor da família, mas é importante que essas acusações sejam apuradas”, afirmou Caldas, sobre a denúncia de moradores de que DG foi vítima de tortura por parte dos policias.

A apuração deve durar cerca de 30 dias. De acordo com Caldas, o policiamento na região permanecerá reforçado por tempo indeterminado. Pelo menos três policiais lotados na UPP vão prestar esclarecimentos à CPP.

Protesto interditou a Avenida Nossa Senhora de Copacabana por mais de cinco horas

Revoltados com a morte do dançarino, moradores do Pavão-Pavãozinho, fecharam na última terça-feira, por volta das 17h, as principais ruas do bairro e fizeram barricadas ateando fogo em objetos. O medo se espalhou pelo bairro. A PM foi chamada, e houve tiroteio. Um homem de 30 anos foi encontrado morto num campo de futebol na favela, e um adolescente de 13 anos, identificado apenas como Mateus, baleado na cabeça. Centenas de pessoas ficaram na rua sem conseguir voltar para casa.

De acordo com a PM, o policiamento foi reforçado na favela com efetivo de diversas UPPs, do 23º BPM (Leblon), 19º BPM (Copacabana), batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque. O acesso ao metrô pela Rua Sá Ferreira da Estação General Osório foi fechado, assim como o Túnel Sá Freire Alvim, que liga as ruas Raul Pompeia e Barata Ribeiro. O tráfego precisou ser desviado pela Rua Miguel Lemos. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana só foi liberada por volta das 23h30.

A confusão começou logo depois que o corpo de Douglas foi encontrado dentro da creche Menino de Luz, na comunidade. Moradores acusam policiais de terem matado o dançarino. Segundo eles, houve um tiroteio na madrugada de ontem entre PMs e traficantes. Douglas teria pulado um muro da creche para fugir do confronto e despencado de uma altura de sete metros. Mas familiares acreditam que o dançarino tenha sido agredido por PMs durante a confusão.

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