Por bianca.lobianco

Rio - Cerca de 500 pessoas compareceram, nesta quinta-feira, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, na despedida do dançarino Douglas Rafael Pereira da Silva, de 26 anos, morto por um tiro na Comunidade Pavão-Pavãozinho na última terça-feira. O sepultamento foi marcado por pedidos de justiça e homenagens a DG, como era conhecido entre seus amigos e familiares. Músicas de funk foram cantadas no momento em que o caixão foi baixado. 

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A apresentadora Regina Casé, que comanda o programa "Esquenta", onde DG fazia parte, lamentou a morte do jovem e disse que essa sensação de insegurança se espalha pelo Rio inteiro. "Ele era um bom profissional, compromissado, bom caráter, mesmo que não o conhecesse teria sentido da mesma forma", disse Regina.

O pai de DG, Paulo Cesar Calazans Pereira, de 51 anos, disse que seu filho era seu grande orgulho. "Ele ajudava nas despesas de casa e sempre me visitava em Imbariê, em Duque de Caxias, onde eu moro. Se meu filho fez mal a alguém ele tinha que ser preso e julgado e não executado", diz pai da vítima.

Paulo Cesar Calazans Pereira%2C pai do dançarino DG%2C não escondeu a emoção ao chegar no velório do filhoAlessandro Costa / Agência O Dia

Grupo anda pela contramão durante protesto na Av. Nossa Senhora de Copacabana

Amigos e familiares de DG saíram do Cemitério São João Batista protestando a morte do jovem por volta das 16h. Eles interditaram a Rua Real Grandeza e seguiram em direção ao Túnel Velho, retornando à comunidade Pavão-Pavãozinho. O bando andou espalhado por quatro vias, incluindo a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, que está interditada na altura da Rua Sá Ferreira. Ônibus e carros tiveram que achar rotas alternativas, pois o grupo segue pelo meio da pista. O trânsito foi desviado para a Rua Francisco Otaviano e Avenida Atlântica. Operadores da CET-Rio orientam os motoristas. A Polícia Militar continua atuando na região. O tráfego apresenta retenção na Avenida Atlântica.

Mãe de DG se revolta com aparato policial durante manifestação

Mais cedo, o grupo seguiu pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana e depois pegaram a Rua Figueiredo Magalhães indo em direção ao Cemitério São João Batista. O bando foi escoltado por viaturas de diversos batalhões. Eles gritaram algumas palavras de ordens como "Fora UPP" e cantaram diversos funks, entre eles o "Rap da Felicidade", com o refrão "Eu só quero é ser feliz. Andar tranquilamente na favela onde eu nasci". A mãe do dançarino, Maria de Fátima Silva, criticou a presença da polícia no cemitério.

"Por que os policiais estão aqui? Por que esse aparato todo? Eu não os convidei, é uma despedida familiar. Isso aqui é um protesto do morro, aqui não tem nenhum bandido", disse.

O comércio entre a Rua Barata Ribeiro e a Av. Nossa Senhora de Copacabana, perto da comunidade, está fechado a mando dos traficantes, segundo os lojistas.

Parte do comércio próximo ao Pavão-Pavãozinho permaneceu fechado nesta quinta-feiraSeverino Silva / Agência O Dia

'Nunca pensei que um filho meu fosse morrer antes de mim', diz pai de DG

O pai de Douglas Rafael, afirmou que só soube da morte do dançarino do programa "Esquenta", da Rede Globo, através de outro filho. Morador do Imbariê, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele lamentou a morte de DG e, emocionado, pediu que a justiça seja feita.

"Nunca pensei que um filho meu fosse morrer antes de mim. Também nunca pensei que isso pudesse acontecer a um filho meu. Ele era trabalhador, dançarino. Não era bandido", afirmou Paulo Cesar, ao chegar no velório de DG, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Amigos e parentes de DG protestaram pelas ruas de Copacabana nesta quinta-feiraSeverino Silva / Agência O Dia

O pai do dançarino afirmou que esses fatos estão acontecendo somente com as camadas mais pobres da sociedade. "A gente quer justiça, sonhar não custa nada. E no fim das contas, a única justiça que gente tem é a justiça divina. Nunca vi isso acontecer com filho de rico".

Também no velório, Maria de Fátima Silva, mãe de DG, disse que vai brigar para limpar a imagem do filho. "Vou para a Suíça cobrar os meus direitos e lutar pela imagem do meu filho. Ele brigou muito por aquela comunidade que ele chamava de 'meu morrão'. Me jogaram aos lobos e agora vou voltar liderando a alcateia", disse.

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