Por nara.boechat

Rio - Foi confusa a vida do passageiro que chegou ontem à Rodoviária Novo Rio, depois do feriado prolongado. O DIA flagrou, em algumas horas de observação, agenciadores de táxis de pontos fora do terminal parando carros em local proibido, além de empregados de cooperativas informando que os táxis só operavam com preço tabelado (no tiro).

Na tarde de ontem, ao menos três agenciadores de táxis atuavam na área de desembarque sem nenhuma censura de integrantes da Guarda Municipal e operadores de trânsito da Prefeitura, que estavam a poucos metros de distância.

Agenciador (camista listrada) ajuda a pôr malas em carro parado onde placa proíbe o estacionamentoAgência O Dia

Passageiros contam que a situação ocorre porque, ao desembarcar, são encaminhados para o ponto de táxis que agora não fica mais em frente à rodoviária. Durante o percurso, empregados das cooperativas informam que os carros trabalham apenas com o preço da tabela estabelecida pela prefeitura. Mas os táxis comuns deveriam dar opção para o passageiro escolher entre pagar o preço do taxímetro ou o da tabela.

A situação é, então, aproveitada pelos agenciadores, que chamam os passageiros aos gritos de “Quer com taxímetro?” Por cada grupo de passageiros embarcado, os agenciadores cobram um valor variável.

Constrangidos, passageiros que pegam táxi em local proibido e agenciadores não falaram com a reportagem.

O DIA acompanhou também controladores de trânsito chamando táxis para passageiros em local proibido e carros comuns parando para descarga de mercadorias na lateral da rodoviária — outro local não permitido e próximo à saída dos ônibus.

A servidora pública Cátia Mantini, 31 anos, mora no Rio e ontem estava voltando de Juiz de Fora (MG), onde passou a Semana Santa e o feriado de Tiradentes. Ao se encaminhar ao ponto de táxi comum, ela disse que sempre foi informada tanto pelos funcionários como pelos motoristas de táxi que deveria pagar o preço fixo para o bairro onde mora, o Flamengo.

“Não fica clara essa questão da utilização do taxímetro. Nem o motorista nem o funcionário do ponto informam sobre isso. Eles dizem que tem que ser preço fixo. É um costume já”, afirma a servidora pública.

Cobrança por tabela fixa irrita quem chega ao Rio

A desinformação sobre a situação dos táxis na rodoviária causou revolta em diversos passageiros. O servidor público Almir Monteiro, 53 anos, voltava de Minas Gerais com a família e ficou indignado ao ser informado de que seria obrigado a pagar R$ 65, para ir da rodoviária ao Humaitá, na Zona Sul.

“É o que me disseram ser o valor tabelado. É um absurdo não dar opção de pegar com o taxímetro”, afirmou, irritado, Monteiro. Informado pela reportagem de que o uso do taxímetro era, sim, opcional, ele questionou o funcionário. O valor da rodoviária ao Humaitá, segundo tabela da prefeitura, é, na verdade, de R$ 30, na bandeira dois.

Após receber pagamento%2C agenciador volta à pista para chamar mais passageiros Agência O Dia

A estudante de Medicina Isadora Fonseca, 19 anos, passou por situação semelhante. Ela estava se mudando para o Rio ontem e foi pega de surpresa com a situação. Recém-aprovada para o curso na Uerj, ela é de Itaperuna, noroeste do Rio. No desembarque, pediu dicas para ir a Vila Isabel. “Eu não sabia direito e, quando perguntei, o funcionário disse que aqui era preço fixo”, contou Isadora.

No local, estavam dois controladores de trânsito e três guardas municipais.Abordados, eles não quiseram se identificar e disseram que permitem o trabalho dos agenciadores para dar “fluxo à saída dos passageiros” e não permitir que as filas de táxis aumente.

Prefeitura vai fiscalizar área

Questionada sobre as irregularidades, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou por meio de nota que vai intensificar a fiscalização no entorno da rodoviária.

A secretaria esclareceu também na nota que, quando o passageiro opta em pagar antecipadamente a corrida do táxi, o preço cobrado é o da tabela regulamentada pela prefeitura. Caso não queira fazer o pagamento antecipado, o passageiro tem a opção da tabela ou do taxímetro.

A prefeitura diz que fiscaliza o serviço na cidade com a Operação Táxi Legal. Reclamações devem ser feitas pelo número 1746.

A Guarda Municipal informou que a determinação dada é para coibir qualquer irregularidade que “atrapalhe a fluidez do trânsito” na região e que houve aumento do efetivo no feriado.

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