Por bianca.lobianco

Rio - O prefeito Eduardo Paes admitiu ontem que a poluição da Baía de Guanabara o preocupa não apenas para as Olimpíadas de 2016, mas para a cidade. A prometida despoluição de um dos cartões-postais da cidade para a realização dos Jogos Olímpicos já está fora de cogitação.

“A Baía é uma preocupação que vai além das Olimpíadas. É, de fato, uma preocupação para a cidade”, disse o prefeito em debate em tempo real pela internet (hangout) promovido, ontem à noite, por ele próprio com os jornalistas Caio Barbosa do DIA; Ítalo Nogueira, da ‘Folha de S. Paulo’; Jamil Chade, do ‘Estado de S. Paulo’; e Michel Castellar, do ‘Lance!’.

O prefeito, inclusive, recusou a proposta feita pelo DIA para atestar a qualidade da água na Baía de Guanabara em 2016, mergulhando nas proximidades dos locais de competição. “Vou passar vergonha em casa”, despistou.

O prefeito Eduardo Paes participou de um ‘hangout’%2C uma espécie de debate em tempo real pela internetDivulgação

Secretário de Esportes da primeira gestão do ex-governador Sergio Cabral, à época da realização do Pan-Americano de 2007, Eduardo Paes garantiu que o carioca terá orgulho do legado da Olimpíada, diferentemente do que aconteceu com o Pan, que não deixou obras de infraestrutura para a cidade — e os equipamentos esportivos, como o Engenhão e o Parque Aquático Maria Lenk, não estão nem sendo utilizados.

Perguntado se estaria disposto a encarar as vaias do público na cerimônia de abertura dos Jogos, a exemplo do que aconteceu recentemente com o presidenta Dilma Rousseff na abertura da Copa das Confederações, e também com o ex-presidente Lula no Pan-2007, ele disse:

“Quem vai a estádio de futebol gosta de vaiar político. A gente já sabe disso. Mas eu não tenho medo de vaia. Não vou discursar porque quem discursa é a presidenta da República, mas se tiver que discursar, tudo bem. Não vai ter problema algum. Mas vou desfilar com a bandeira olímpica com muito orgulho e entregá-la nas mãos do prefeito de Tóquio, onde acontecerão os Jogos de 2020”.

Em relação às obras de revitalização da Zona Portuária que tem causado enormes transtornos no trânsito e a necessidade de realizá-las neste momento, mesmo sem eventos na região, Paes admitiu que poderiam ser feitas em outra época, mas ponderou: “A Olimpíada facilitou a captação de recursos para estas obras”.

Legado para o subúrbio

O prefeito Eduardo Paes disse que as críticas e a desconfiança quanto ao legado dos Jogos Olímpicos vêm principalmente por moradores da Zona Sul.

“Quem mora no Leblon não vai entender nada da mudança pela cidade. Só quem vive na Zona Oeste, no subúrbio, entende a importância disso. Quando se tem a recuperação de 5 mil km de área degradada, 10 km de túnel no Centro, é de se orgulhar sim. Olimpíada e Copa do Mundo não podem apenas ser entendidos como eventos esportivos. Eles precisam ser vistos a partir dos benefícios que trarão para a cidade”, disse o prefeito.

A recém chegada à cidade do diretor executivo do Comitê Olímpico Internacional, Gilbert Felli, para acompanhar de perto as obras relacionadas às Olimpíadas foi vista pelo prefeito como natural.

Nós que fomos ao Comitê Olímpico pedir que eles trouxessem as Olimpíadas para cá. Sendo assim, não vejo problema em eles virem aqui para acompanhar. Felli é uma pessoa educada, decente e que não fica soltando palavras ao vento por aí”, disse Paes, numa clara alfinetada ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, famoso pelas críticas públicas que tem feito ao país pelo atraso nas obras da Copa do Mundo.

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