Por paulo.gomes
Idosa foi morta a tiros no AlemãoReprodução Internet

Rio - Uma celebração terminou de forma trágica no Complexo do Alemão na noite de domingo. Arlinda Bezerra de Assis, a idosa que morreu ao ser baleada durante tiroteio entre PMs da UPP Nova Brasília e traficantes comemorava seus 72 anos, em casa, com a família. Conhecida na comunidade como Dona Dalva, foi atingida por dois tiros, um na barriga e outro na virilha, e morreu a dez metros do portão de casa.

"Era um dia de confraternização familiar, de felicidade, mas acabou sendo de luto geral. Ouvi apenas o grito da minha avó, antes de correr com a minha família e ver o que tinha acontecido", afirmou na manhã desta segunda-feira, Tamires Assis, neta da vítima.

Segundo familiares, com o fim do confronto, Arlinda Bezerra resolveu deixar o sobrinho-neto em casa. Parentes pediram para que a idosa esperasse um pouco mais, porém ela disse que "não tinha problema". De acordo com a criança, que está em estado de choque, ao perceber que o tiroteio tinha voltado, ela disse: "meu filho, por favor, se esconde atrás da vovó".

>>> GALERIA: Segunda-feira tensa no Complexo do Alemão

A família de Arlinda Bezerra está no Instituto Médico Legal esperando a chegada do corpo. O sepultamento ainda não tem data para acontecer.

Tensão durante a madrugada

A madrugada desta segunda-feira foi tensa no Complexo do Alemão após a morte de Arlinda Bezerra. Moradores protestaram e acusam a Polícia Militar pela morte da idosa. Por volta de 1h, tiros ainda podiam ser ouvidos na região.

Após a manifestação de moradores que fechou a Estrada do Itararé, principal acesso às comunidades do Complexo do Alemão, e o ataque a tiros à UPP Nova Brasília, o policiamento na região foi reforçado com o apoio de PMs do 3º BPM (Méier), 16º BPM (Olaria), dos batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) e de UPPs da região. A 45ª DP (Complexo do Alemão) também teve reforço no policiamento e todos os acessos à delegacia foram fechados na noite de domingo.

A polícia dispersou o protesto na via com spray de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha. Dois menores foram apreendidos. Eles teriam sido flagrados determinando a saída de passageiros de um ônibus. De acordo com a polícia, possivelmente o veículo seria incendiado.

A Estrada do Itararé só foi totalmente liberada ao trânsito por volta das 2h, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão, onde a idosa foi socorrida, mas não resistiu, não havia nem policiais nem parentes no início da madrugada.

De acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), PMs foram atacadas a tiros no início da noite, quando passavam pela Rua 2. O ataque seria em represália pela prisão no domingo de Ramires Roberto da Silva, de 21 anos, acusado de matar a soldado Alda Castilhos e o subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves Silva, em fevereiro e março deste ano, respectivamente.

Por volta das 18h30, segundo a PM, policiais na Rua 2 foram recebidos a tiros por traficantes e revidaram. Os militares se abrigaram, e os traficantes fugiram. Dez minutos depois, os PMs foram acionados para socorrer uma mulher que havia sido baleada no abdômen. A vítima buscou ajuda na localidade conhecida como Largo da Vivi e foi levada de Kombi por morador à UPA do Alemão.

Você pode gostar