Por paulo.gomes

Rio - O clima segue tenso nas ruas próximas ao Complexo do Alemão, na tarde desta segunda-feira. Na Avenida Itaóca, um carro de passeio foi rendido por dois bandidos num posto de gasolina. O motorista do veículo, Maicon Candido, de 21 anos, foi obrigado a dirigir em alta velocidade. Policiais militares do 3ºBPM (Méier) suspeitaram do automóvel e iniciaram uma perseguição.

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O motorista acabou perdendo o controle do carro na altura da Rua Aripibui e os bandidos fugiram em direção à favela. Policiais e traficantes trocaram tiros e um bandido acabou sendo ferido, mas conseguiu fugir. Maicon Candido foi levado para a 44ªDP (Inhaúma), para prestar depoimento.

Policiamento foi reforçado no Alemão após morte de idosa na Favela Nova BrasíliaSeverino Silva / Agência O Dia

Mais cedo, três carros foram incendiados também na Avenida Itaóca, durante ação da Polícia Militar no Complexo do Alemão, para prender bandidos que no domingo trocaram tiros com os agentes. Durante o confronto, a idosa Arlinda Bezerra de Assis, de 72 anos, acabou levando dois tiros e morrendo no local. Segundo moradores, um produto inflamável foi colocado perto de um dos carros, perto da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), e logo depois o fogo foi ateado.

André Luís dos Santos, 33, dono de um dos carros e que trabalha numa empresa de vendas de materiais de construção, próximo de onde estava o veículo, disse ter visto alguns menores no local e lamentou o ocorrido.

"Eu não sei se o ato foi em protesto a alguma morte. Mas posso dizer que não tenho envolvimento nenhum com morte nenhuma e acabei prejudicado", diz o vendedor, que tinha no Monza, avaliado segundo ele em R$ 10 mil, como seu único bem.

os automóveis foram incendiados perto da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP)%2C na Avenida ItaócaAlessandro Costa / Agência O Dia

A região está com o policiamento reforçado após a madrugada tensa. Segundo a família de Arlinda Bezerra, ela tentou proteger o neto de dez anos durante o confronto. Moradores protestaram e acusam a PM pela morte. Houve protesto. Por volta de 1h, tiros ainda podiam ser ouvidos na região.

Após a manifestação de moradores que fechou a Estrada do Itararé, principal acesso às comunidades do Complexo do Alemão, e o ataque a tiros à UPP Nova Brasília, o policiamento na região foi reforçado com o apoio de PMs do 3º BPM (Méier), 16º BPM (Olaria), dos batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) e de UPPs da região. A 45ª DP (Complexo do Alemão) também teve reforço no policiamento e todos os acessos à delegacia foram fechados na noite de domingo.

Idosa foi morta a tiros no AlemãoReprodução Internet

Vítima comemorava seu aniversário

Arlinda Bezerra, conhecida na comunidade como Dona Dalva, comemorava seus 72 anos, em casa, com a família. "Era um dia de confraternização familiar, de felicidade, mas acabou sendo de luto geral. Ouvi apenas o grito da minha avó, antes de correr com a minha família e ver o que tinha acontecido", afirmou na manhã desta segunda-feira, Tamires Assis, neta da vítima.

Segundo familiares, com o fim do confronto, Arlinda Bezerra resolveu deixar o sobrinho-neto em casa. Parentes pediram para que a idosa esperasse um pouco mais, porém ela disse que "não tinha problema". De acordo com a criança, que está em estado de choque, ao perceber que o tiroteio tinha voltado, ela disse: "meu filho, por favor, se esconde atrás da vovó".

De acordo com a CPP, PMs foram atacadas a tiros no início da noite, quando passavam pela Rua 2. O ataque seria em represália pela prisão no domingo de Ramires Roberto da Silva, de 21 anos, acusado de matar a soldado Alda Castilhos e o subcomandante da UPP Vila Cruzeiro, Leidson Acácio Alves Silva, em fevereiro e março deste ano, respectivamente.

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