Rio - A Polícia Civil prendeu em flagrante, sábado, três acusados de manter quatro pessoas em cativeiro há pelo menos dez anos na cidade de São Fidélis, no Norte Fluminense. Segundo as investigações, o grupo era obrigado a cortar cana de açúcar, limpar o pasto e capinar numa fazenda em Angelim, terceiro distrito daquele município. Para os policiais, trata-se de trabalho escravo em pleno século 21.
A denúncia foi publicada pelo site ‘São Fidélis Notícias’. Segundo os agentes, uma das vítimas, que conseguiu fugir por área de mata, declarou em depoimento que andou cerca de dez quilômetros até chegar à casa da irmã, onde conseguiu ajuda. Ele contou que caseiros retiravam os quatro do quarto às 8h e os levavam para trabalhar na fazenda, retornando às 17h. De acordo com fontes da polícia, os aprisionados recebiam apenas duas refeições por dia (uma no almoço e outra no jantar) e não possuíam carteira assinada. Sempre que algum familiar ia até o local procurar pelas vítimas, recebiam como resposta que eles já tinham ido embora.
Ainda segundo a polícia, os capturados receberam convite do fazendeiro há dez anos para trabalhar em troca de um salário. Porém, ao chegares no local, eles foram presos como escravos.
Eles eram mantidos em condições sub-humanas em um quarto pequeno, disse a Polícia Civil. No casebre havia apenas duas camas e um colchonete, além de um armário, banheiro e pia com grelha de churrasqueira.
Um dos parentes teria conseguido falar com uma das vítimas, porém toda conversa fora vigiada pelo capataz da fazenda. Não consta nenhum registro de ocorrência na 141ª DP (São Fidélis) por parte dos parentes sobre o sumiço de familiares.
O proprietário da fazenda, de 59 anos, o filho dele, de 33, e um capataz, de 38, foram encaminhados para a delegacia, onde a ocorrência foi registrada. Eles estão resos na Casa de Custódia de Campos dos Goytacazes, cidade vizinha.
