Rio - Entre os objetos roubados da casa do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, no assalto que terminou com a morte dele no dia 24, está o disco rígido — que armazena dados — de um dos dois computadores que o militar usava. O restante da máquina continua na casa do sítio de Marapicu, em Nova Iguaçu.
Na semana passada, a Polícia Civil divulgou que dois computadores haviam sido roubados e não apenas o disco rígido de um deles. Além disso, foi possível verificar que objetos que haviam sido furtados, como um casaco azul e uma impressora, encontrados no sábado pelos investigadores, foram deixados no mesmo local.
Com a viúva do coronel, O DIA visitou ontem a casa onde morava o militar. Com uma camisa da campanha de 2000, quando Malhães foi candidato a vereador pelo PDT em Nova Iguaçu, Cristina contou que estava surpresa com o envolvimento do empregado do casal, o caseiro Rogério Pires Teles, 28 anos, e dois de seus irmãos, Anderson e Rodrigo. Na terça-feira, a Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense prendeu temporariamente o caseiro, que confessou seu envolvimento no crime.
Para a polícia, a principal linha de investigação é latrocínio (roubo seguido de morte). “Quando eu e meu irmão fomos para o carro da polícia, perguntei pelo Rogério. O policial disse que ele tinha que ficar. Para mim, ele era inocente”, disse Cristina.
Todos os cômodos da casa foram revirados durante o assalto. No quarto do casal, ainda é possível ver vestígios de sangue perto do local onde ele foi encontrado.
O escritório e um quarto onde ele guardava filmes e documentos está com pastas e papéis espalhados por todos os cantos. Do escritório, foram furtadas três pastas de documentos.
Na segunda-feira, o Ministério Público Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa e levou documentos, agendas e outros três computadores que não haviam sido roubados pelos criminosos. O objetivo é auxiliar as investigações relacionadas às mortes e desaparecimentos na época da ditadura militar.
Em busca de mais envolvidos
A informação do sumiço do disco rígido de um dos computadores da casa de Malhães deixou o presidente da Comissão da Verdade do Rio, o advogado Wadih Damous, com a certeza de que as investigações devem continuar, apesar da confissão do caseiro Rogério Pires. “Esse fato é grave porque entra em confronto com a tese de latrocínio. É preciso descobrir as motivações do crime e se há outras pessoas envolvidas”, disse Wadih Damous.