Rio - Há pouco mais de um mês da Copa do Mundo, o acesso ao Corcovado, considerado o maior cartão-postal da cidade, continua complicado. Até mesmo nesta sexta-feira, um dia em que a cidade não estava tão cheia de visitantes, turistas e moradores do Rio de Janeiro que aproveitaram o dia quente de outono para visitar o Cristo Redentor se depararam com muita desorganização — e tiveram que ter uma dose extra de paciência para fazer o passeio.
Filas enormes de visitantes esperando sob sol a pino para chegarem ao monumento, carros estacionados em locais irregulares, dificuldades para comprar ingressos pela internet, estação do bondinho no Cosme Velho sobrecarregada. Os problemas são inúmeros.
“Se agora já está assim, quero ver na Copa do Mundo”, reclamou o flanelinha Luis Carlos, enquanto ajudava a coordenar o caótico trânsito perto da entrada para o Cristo, na Estrada das Paineiras. “As vans sobem e descem em alta velocidade, há o risco de acidentes”, acrescentou , diante do fluxo frenético de turistas e carros, que lotaram o espaço ontem. Lá em cima, a espera nas filas para pegar uma van e chegar ao monumento levava até três horas.
O casal gaúcho José Paulo e Rosamaria Brehm só suportou o calor forte graças à proteção de um guarda-chuva estampado com imagens de pontos turísticos do Rio de Janeiro. “Está demorando muito, já passamos de uma hora na fila para van, isso depois de ficar uma hora esperando para comprar o ingresso”, reclamou José Paulo, ciente de que o tempo perdido ali inviabilizaria outros passeios programados para o dia.
O caso deles não foi uma exceção. As filas começavam na bilheteria que vende ingressos na Estrada das paineiras, onde havia apenas um caixa preferencial. Depois, a espera era pela van que fazia o trajeto até o Cristo Redentor. No fim do passeio, mais 500 metros de fila, dessa vez pela van de saída das Paineiras.
Depois de ficar uma hora e quinze minutos para subir — e pouco aproveitar o passeio por conta do cansaço —, os paulistas Felipe Lima e Monique Sorrini estavam há 40 minutos aguardando pela van de retorno e ainda estavam longe da metade do caminho. “Não há estrutura nenhuma e é muito caro. Se soubesse que ia ser assim, não viria”, reclamou Monique.
A falta de orientação para os turistas também chamou a atenção do flanelinha Luís Carlos, que trabalha ali desde 1991: “Na Copa, isso aqui não vai suportar a quantidade esperada de turistas. Não há ninguém para orientar, as pessoas ficam perdidas”.
O empresário polonês Adam Kowalski aproveitou um momento de pausa nos negócios para tentar conhecer o Cristo Redentor, mas desistiu após dez minutos de busca, em vão, por alguém que soubesse inglês e pudesse ajudá-lo a entender o porquê de cada fila. “Tive que desistir, vou tentar conhecer outro lugar. O Rio está impossível”, constatou, antes de entrar no carro e ir embora.
Consórcio vai dobrar número de funcionários
Em nota, o Consórcio Paineiras-Corcovado informou que dobrará seu número de funcionários para o período da Copa do Mundo: 150 pessoas trabalharão do dia 10 de junho ao dia 20 de julho, em um esquema de alta temporada. Sobre as longas esperas nas filas, o consórcio afirmou ter construído um lounge para os turistas. O local, porém, não comportava o grande número de pessoas que queriam ver o Cristo nesta sexta.
Ainda na nota, o consórcio informou que a lotação máxima do Cristo é de 1.300 pessoas por vez: cerca de 8 mil pessoas usaram as vans ontem. Outro trecho sugere que, para evitar as filas, “a melhor opção é comprar ingressos com antecedência, pela internet, e optar por sair por Copacabana e Largo do Machado. Quem compra o ingresso nas Paineiras na hora da chegada está sujeito à lotação máxima do monumento”.
Pão de Açúcar se sai melhor
Já no Pão de Açúcar, a organização é bem maior — e elogiada pelos visitantes. Ontem, o passeio foi tranquilo. “Está tudo muito bem organizado, acima das expectativas”, disse César Cupello, que veio de Valença, no Sul Fluminense, para visitar a atração turística pela primeira vez.
“As coisas tendem a melhorar ainda mais para Copa do Mundo, dá para perceber isso. Estão fazendo algumas melhorias por aqui. Além disso, os funcionários são muito solícitos. Há muita informação”, comentou César, que estava com a família.
As amigas Aparecida Machado e Cleuza Gomes vieram de Goiânia para conhecer o Rio de Janeiro durante o feriado prolongado — para elas — do Dia do Trabalho. “Cheguei ao Cristo Redentor e fiquei sentada, num restaurante, muito cansada após aquela fila toda. Nem aproveitei direito”, declarou Aparecida.
Depois da decepção com a espera na fila no Corcovado, as duas amigas resolveram partir para outra. Foram então ao Pão de Açúcar e encontraram uma situação diferente.
Ressaltaram, porém, alguns pontos em que a atração pode melhorar. O maior adversário para elas é o calor. “Não há nenhum bebedouro, poucas sombras, poucos banheiros. É preciso resolver isso”, sugeriu Cleuza.