Por bianca.lobianco

Rio - Vereador Marcelo Arar (PT) vai estudar a viabilidade de elaborar um anteprojeto de lei proibindo o uso de celular em cinemas, teatros e casas de show, segundo informou ontem sua assessoria. Na última quarta-feira, a plateia do Theatro Municipal surpreendeu-se com um espetáculo nada artístico: um francês e uma brasileira se desentenderam porque a moça não parava de falar no celular. Depois de intenso bate-boca, a jovem acabou despencando pelas fileiras de cadeiras e acusou o francês de tê-la agredido.

Na DP%2C a estagiária Thaís contou que levou um soco de Antoine e caiu Reprodução Internet

Os protagonistas dessa história inusitada são a estagiária de Direito Thaís Martins de Andrade, 32 anos, e o francês Antoine Belleville, 27, que está no Brasil há seis meses fazendo trabalhos voluntários. Na versão do rapaz, Thaís não parava de falar no celular e foi chamada a atenção várias vezes por ele e outros espectadores. A estudante teria se virado, iniciado a discussão com o francês e o agredido no rosto com o programa do espetáculo.

A jovem conta outra história na 5ª DP (Rua Gomes Freire), onde registrou queixa. Afirma que o estrangeiro deu dois tapas na cabeça dela — enquanto estava falando ao telefone — e que só depois disso o agrediu com o panfleto. Thaís alega ter recebido um soco no rosto, que a fez cair pelas fileiras de cadeiras. O francês rebate: diz que tentou se defender do ataque da estagiária e levantou o braço, empurrando-a sem querer. Testemunhas prestaram depoimento na delegacia, mas a assessoria de imprensa da Polícia Civil não divulgou as declarações.

Na França, em 2010, o governo editou uma lei que autoriza proprietários de cinemas, teatros e casas de show a usarem bloqueadores de celulares. No Rio, em 2007, a ex-deputada estadual Jane Cozzolino tentou aprovar lei que também proibia a utilização do aparelho nesses recintos, prevendo multa de R$ 4 mil (na época), mas o anteprojeto foi arquivado.

“O vício de uso de novas tecnologias — computador/internet, redes sociais, telefone celular, entre outras —, interagindo incessantemente no cotidiano dos indivíduos, está produzindo mudanças significativas na aprendizagem, pensamento, personalidade, relacionamentos pessoais e sociais e no meio ambiente”, alerta a psicóloga Anna Lúcia Spear King, doutora em Saúde Mental e uma das idealizadoras do Grupo Delete - Desintoxicação de Tecnologi@s, empenhado no tratamento de quem se tornou viciado.

“Precisamos estar atentos e nos atualizar constantemente, em todos os segmentos, a fim de não perdermos de vista todos os efeitos benéficos e nocivos causados por essa interatividade”, alerta.

Para blogueiro cinéfilo, também falta ‘lanterninha’

Na opinião de Alex Gonçalves, da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, não é apenas no teatro que as pessoas insistem em usar o celular. “Ir ao cinema hoje em dia também é um verdadeiro teste de resistência, independentemente se for a trabalho ou por puro lazer. Deparamos com espectadores que quebram as etiquetas do bom convívio dentro de um espaço coletivo é uma constante em nossa rotina”, pontua o diretor da SBBC.

Segundo ele, a perturbação pelo uso do celular acontece até em cabines de imprensa. “Eu mesmo já chamei a atenção de muitos jornalistas que acessavam redes sociais em seus dispositivos móveis. Por mais discreta que uma pessoa seja, a luz emitida por um celular sempre comprometerá a nossa atenção diante da tela grande”, critica.

Para Alex, falta fiscais nos locais de exibições de espetáculos. “Episódios como este que aconteceu no Theatro Municipal se repetem não apenas pelo modo como os aparelhos móveis se tornaram tão indispensáveis em nossa vida, ao ponto de muitos não se importarem com o quanto isso pode perturbar outras pessoas, mas também pela ausência dos lanterninhas”, finaliza o blogueiro.

10 passos do Grupo Delete para o uso consciente das novas tecnologias

1- É preciso bom senso para que o uso das tecnologias não se torne abuso no cotidiano;

2- Fique atento às consequências físicas (como privação de sono, dores na coluna, problemas de visão) e psicológicas (como depressão, angústia, ansiedade) devido ao uso abusivo;

3- Dose a prática do uso de tecnologias no cotidiano. Verifique se o seu desempenho acadêmico ou no trabalho está sendo prejudicado;

4- Reflita sobre hábitos cotidianos e faça diferente;

5- Não troque atividades ao ar livre por conectar-se;

6- Prefira uma vida social real à virtual, escolhendo relacionamentos/amizades reais, ao invés de virtuais;

7- Pratique exercícios físicos regularmente e faça intervalos durante o uso das tecnologias;

8- Não abale o seu humor com publicações virtuais. Não acredite em tudo o que é postado;

9- Valorize amigos reais e suas relações familiares;

10- Pense no meio ambiente: recicle os aparelhos e evite a troca frequente sem necessidade.

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