Rio - Do ataque criminoso, só restarão hematoma na cabeça e indignação. Isso porque, para a Polícia Civil, o drama vivido por casal de turistas de Brasília, cercado por grupo de assaltantes por volta das 15h de ontem, no Posto 8 de Ipanema, não existiu. Apesar do flagrante feito pelo DIA, segundo a assessoria de imprensa da instituição, isso não é suficiente ‘para cruzar os dados de uma investigação e nem identificar os assaltantes’. As vítimas desistiram de registrar ocorrência na delegacia depois de esperar 40 minutos por viatura da Polícia Militar, acionada pelo 190.
O casal, que não quis se identificar por medo de represálias, está há uma semana no Rio de férias. Os turistas caminhavam pela areia quando o assaltante, vestido de blusa e short laranjas, puxou o cordão do homem. Ele reagiu à abordagem, correu atrás do assaltante e derrubou-o no chão. Nesse momento, mais três bandidos que o aguardavam no calçadão surgiram e deram uma paulada na cabeça do turista, que ficou caído e sem óculos escuros.
Sem nenhum policiamento, de acordo com testemunhas, os quatro homens fugiram tranquilamente. Segundo uma banhista, quando o rapaz que foi assaltado perguntou o motivo de os funcionários de um quiosque próximo não terem o ajudado, eles responderam que temiam por represálias, ‘já que o bando é presença frequente no local’.
Até as 22 horas de ontem, a assessoria de imprensa da PM não havia respondido às indagações sobre a demora de a viatura chegar ao local e a falta de policiamento.
No início deste ano, a Polícia Militar decidiu reforçar o policiamento na orla das praias da cidade durante os dias de semana depois da grande incidência de arrastões. O Batalhão de Ações com Cães ficou responsável pela segurança do Arpoador, e o Batalhão de Choque, em toda extensão da orla. Além disso, foi anunciado que motociclistas fariam o patrulhamento nos calçadões.
ISP aponta aumento de roubos e furtos
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de roubos a pedestres em Ipanema subiu de 22, em março de 2013, para 38 no mesmo mês deste ano. O número de roubos pulou de 41 para 71, e o de furtos, de 168 para 311 .
O levantamento apontou que, na mesma comparação, o número de veículos furtados saltou de um para cinco. Enquanto isso, o número de prisões caiu de 19 em 2013 para duas neste ano. E as apreensões de menores caíram de 11 para apenas uma, revelam dados do ISP.
Arrastões ocorrem com frequência
Desde o fim do ano, dezenas de arrastões têm ocorrido na orla da Zona Sul. No feriado de 2 de novembro, foi preciso uma van para levar os suspeitos para a delegacia. No dia 20 de março, a jornalista Flávia Ribeiro foi mais uma a entrar para as estatísticas, ao ser assaltada no Leme. Um grupo de menores levou um cordão de ouro no calçadão e, após o roubo, continuou assaltando outros banhistas, a 200 metros de uma cabine da PM. “Se às vésperas da Copa do Mundo não melhorarem a segurança pública, a situação ficará ainda pior. Se é que pode ficar pior”, concluiu ela.