Por paloma.savedra

Rio - Após terminar sem acordo a audiência de conciliação com os sindicatos das Empresas de Ônibus (Rio Ônibus) e dos Trabalhadores em Transportes Urbanos (Sintraturb) no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na tarde desta segunda-feira, os rodoviários decidiram fazer uma nova paralisação. Motoristas e cobradores que não concordam com o acordo firmado entre o sindicato e os patrões vão parar de trabalhar por 48 horas a partir do primeiro minuto desta terça-feira.

Uma comissão de dissidentes do sindicato que representa a categoria saiu da audiência e promoveu assembleia com cerca de 500 trabalhadores em frente ao prédio. Por volta das 16h30, o grupo decidiu fazer nova paralisação e saíram em passeata, seguindo pela Avenida Presidente Vargas em direção à Central do Brasil.

Na reunião, o grupo tentou negociar o aumento de 40% da categoria com o Rio Ônibus. A comissão também alegou que o acordo entre o sindicato e as empresas — que garantiu aumento de 10% para a categoria — não foi legítimo. Segundo os dissidentes, a negociação não atendeu às reivindicações, nem teve apoio da categoria.

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Manifestação complica o trânsito no Centro

Os manifestantes saíram da Rua Araújo Porto Alegre em direção à Avenida Presidente Antônio Carlos, por volta das 17h. De lá, seguiram para a Avenida Rio Branco, interditando a via no sentido Candelária. De acordo com seguidores no Twitter do O DIA 24horas (@odia24horas), os rodoviários marchavam e gritavam: "Avisa para o povão que nessa quarta não tem busão".

Plano de contingência 

A fim de minimizar o impacto da paralisação dos rodoviários, a Prefeitura do Rio apresentou um plano de contingência em parceria com o Rio Ônibus, Polícia Militar, Metrô Rio, Supervia e CCR Barcas. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), o plano reforça as linhas de ônibus que fazem integração com os outros modais, além de linhas essenciais para deslocamento da população em áreas atendidas apenas por ônibus. Segundo a SMTR, os serviços do BRT Transoeste também fazem parte do plano.

A Polícia Militar colocará homens de prontidão na saída das garagens dos quatro consórcios que exploram as linhas, assim como nas estações do BRT Transoeste e nos terminais de ônibus. O objetivo é garantir a segurança dos motoristas que forem trabalhar e impedir depredação dos veículos, como aconteceu na quinta-feira passada, durante a primeira paralisação dos rodoviários Agentes da Guarda Municipal e da CET-Rio também vão reforçar a operação nas ruas.

A partir das 4h30 desta terça-feira, a Supervia trabalhará em capacidade máxima e o intervalo entre as composições será reduzido. O reforço atingirá os trens que sairão de Bangu, Campo Grande, Deodoro e Madureira. Os trens começam a circular às 4h.

O Metrô também vai antecipar sua operação no horário do pico, a partir das 5h30. As composições começama circular às 5h.

Os intervalos das barcas que fazem o trajeto Cocotá – Praça XV serão reduzidos, a partir das 6h30. Haverá aumento da oferta de lugares, com partidas simultâneas eu embarcações de maior capacidade. Na última quinta-feira, por conta da greve da categoria, a concessionária registrou um recorde na linha que atende Cocotá, na Ilha do Governador: 9 mil passageiros, 204% a mais que a média das quintas-feiras de maio de 2013.

A Barcas S.A informou em nota que aumentará o número de lugares no trajeto entre Praça XV e Niterói no horário de pico da tarde.

Movimento terminou com 531 veículos depredados

A greve de ônibus que paralisou a cidade na última quinta deixou cerca de 3 milhões de pessoas a pé. Os pontos de ônibus ficaram lotados e milhares de trabalhadores foram espremidos em outros transportes públicos — que não suportaram a demanda — ou perderam o dia de serviço por falta de condução.

Empresas de ônibus denunciaram piquetes em frente às garagens e contabilizaram depredação de 531 veículos na cidade. Alguns motoristas que não aderiram à greve chegaram a afirmar que foram ameaçados com armas. Para que a população não ficasse sem transporte, as empresas fizeram um mutirão durante a noite e a madrugada da última sexta-feira e conseguiram consertar 475 ônibus, cerca de 90%.

O impasse aconteceu porque a categoria quer reajuste salarial de 40%, cesta básica de R$ 400 e fim da dupla função. Mas o acordo firmado entre o Sintraturb e as empresas garantiu aumento de 10% nos vencimentos e R$ 40 a mais na cesta básica. Com a negociação, o salário-base de motorista passou a ser de R$ 1.950.

Na última sexta-feira, o grupo também participou de reunião no Ministério Público do Trabalho, com o procurador-geral Carlos Augusto Solar. O movimento de grevistas denunciou irregularidades no acordo firmado entre o Sintraturb e o Rio ônibus.


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