Rio - No primeiro dia útil após o sequestro do ônibus que parou a principal via expressa da cidade no sábado, passageiros ouvidos pelo DIA ontem confessaram sentir muito medo de cruzar a Avenida Brasil. Somente no mês passado, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 335 roubos a coletivos na capital, um dos maiores índices em relação ao mês de março dos dois anos anteriores.
Sábado, Paulo Alberto Ferreira da Silva manteve uma estudante refém por quase três horas em um ônibus da linha 732 (Mariópolis-Cascadura), que passava pela Av. Brasil, em Guadalupe. “Todo mundo se sente inseguro a qualquer hora. Há 15 dias fui assaltado à mão armada, às 5h, no ponto de ônibus. Não podemos mais carregar nada de valor para não perder”, contou o bombeiro Severino Apolônio, de 68 anos.
Passageiros até criaram táticas para despistar os criminosos. “Escondo a bolsa e evito dormir, mesmo cansada do trabalho. Prefiro sentar nas cadeiras mais próximas do cobrador, porque geralmente os assaltos acontecem nos bancos de trás. Está muito perigoso andar de ônibus no Rio”, afirmou a secretária Angelina Souza, de 27. A PM informou que está ampliando o policiamento na Av. Brasil.
O delegado da 39ª DP (Pavuna), Luiz Alberto Andrade, vai pedir exame toxicológico de Paulo Alberto. Em depoimento, ele contou ter sequestrado o ônibus para chamar a atenção porque teria recebido ameaças de traficantes.