Por daniela.lima

Rio - Líderes do Candomblé e da Umbanda estão preocupados com a possibilidade de aumento da violência depois que um juiz federal negou o pedido de retirada de vídeos depreciativos aos cultos afro-brasileiros alegando que eles não são religiões. “Nós corremos riscos”, alertou Ivanir dos Santos, porta-voz da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), que convocou um protesto em desagravo contra decisão do juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio.

O manifesto está marcado para quarta-feira, às 17h, em local ainda a ser definido e com a presença de fiéis de diferentes religiões, políticos, artistas e ateus. O líder religioso Ivanir dos Santos, que foi recebido no Brasil pelo Papa Francisco, afirmou que as declarações do magistrado representam uma ameaça: “Não podemos esquecer que, primeiramente, vão a Umbanda e o Candomblé para a fogueira. Mas logo em seguida vão os demais”, disse dos Santos, que defendeu o livre arbítrio. “Todos têm o direito a escolher o caminho pelo qual chegarão a Deus. Ou, inclusive, de não crer em nada”, completou.

Para a antropóloga da PUC Sônia Giacomini, o juiz falou sem conhecimento de causa. “É puro preconceito. O Candomblé e a Umbanda têm sua fé, suas doutrinas, seus cultos, rituais e divindades próprias”, explica a especialista. A única diferença das demais religiões, como a católica, é que os ensinamentos são transmitidos oralmente. “É de profunda ignorância achar que por não serem letradas e não terem originado livros como a Bíblia, são menos importantes. O que ele está fazendo é promovendo uma caça às bruxas”, afirma.

Você pode gostar