Por thiago.antunes

Rio - O ato ‘Independente de Escolhas, Somente Unidos Somos Fortes’ reuniu líderes de diversas religiões na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no início da noite desta quarta-feira em ato de desagravo à sentença do juiz Eugênio Rosa de Araújo, que manteve vídeos de conteúdo ofensivo às religiões afro no YouTube.

Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) em parceria com a Associação Nacional de Mídia Afro, o ato teve como objetivo principal colher assinaturas para documento que pede a retirada do ar desses vídeos. O magistrado da 17ª Vara Federal do Rio, apesar de ter voltado atrás em sua declaração de que ‘umbanda e candomblé não são religiões’, manteve a decisão de não retirar os vídeos do ar.

Encontro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa reuniu líderes interreligiosos na ABI%2C nesta quartaSandro Vox / Agência O Dia

“Já temos um grande ganho aqui hoje: a união de todas as religiões em solidariedade às religiões de matriz africana a que o juiz se referiu. A declaração dele voltando atrás não basta. A questão central é a retirada dos vídeos até porque, pela fala dele (juiz) você percebe que ele não mudou sua convicção, apenas cedeu à pressão da sociedade e da mídia”, comentou o interlecutor da CCIR, o babalorixá Ivanir dos Santos.

A presidenta da Congregação Espírita Umbandista do Brasil, Mãe Fátima, acredita que a pressão do povo do santo e da sociedade brasileira vai fazer com que a Justiça reconsidere. “Desde a criação da comissão (CCIR), a intolerância vem melhorando, já foi pior. Mas temos que avançar mais”, contou. Ela, que se disse muito triste com a desqualificação de sua crença por parte do juiz, levantou hipóteses sobre a intenção dele com a declaração. “Qual é o interesse desse juiz em dizer que a umbanda não é religião? Provavelmente ele está associado a alguém da bancada religiosa”, sugeriu.

O secretário da comissão de diálogo interreligioso da Arquidiocese do Rio, Nelson Águia, que representava o cardeal dom Orani Tempesta no evento, também defendeu a retirada dos vídeos. “Não devemos fomentar o ódio entre as religiões. A palavra é união. Temos mais em comum do que diferente, todas as religiões trazem mensagens de paz e justiça”, comentou o representante da Igreja Católica.

O presidente da Associação Nacional de Mídia Afro, o candomblecista Márcio Righetti, também destacou a unidade como fator de poder das religiões. “Hoje estamos mostrando que a comunidade religiosa brasileira não aceita nem a declaração e nem a decisão do juiz”, comentou. “A intolerância religiosa está em muitos gestos, tanto pequenos quanto grandes, como esse caso. Mas esse fascismo religioso não pode se perpetuar em nossa sociedade, não podemos permitir isso”.

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