Rio - As 117 peças íntimas encontradas na casa do sargento André Luís Alves Pascoal, do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE), estavam embaladas e prontas para venda. A informação de que os produtos poderiam ser negociados foi confirmada pela mulher dele ao capitão Joel Resende dos Santos, da 7ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. O oficial prestou depoimento nesta quarta-feira na Auditoria de Justiça Militar em audiência sobre o caso.
Seis PMs do BPVE — entre eles o sargento Denilson Francisco de Paula, que ganhou destaque como um dos heróis do episódio conhecido como Massacre de Realengo — são acusados de atacar veículos de confecções de lingerie da Região Serrana e integrar a ‘Gangue da Calcinha’.
“As vítimas demonstraram muito medo do Pascoal”, explicou o capitão Joel, responsável pelas investigações que levaram o bando para o banco dos réus. Outras testemunhas de acusação serão ouvidas por carta precatória. Ou seja, serão ouvidas por juiz de fórum próximo de suas residências e o teor será enviado à Auditoria de Justiça Militar.
Num dos crimes, para roubar R$ 300 e seis sacolas de calcinhas e sutiãs, Pascoal chutou a vítima, garantiu que estava próximo a uma favela e foi taxativo: “Você vai ser o que eu quiser: um bandido, um traficante ou até morrer de bala perdida”, contou uma vítima.
Viatura como cativeiro
Os policiais militares, que agiriam na Av. Brasil e na Rodovia Washington Luís, são acusados de interceptar 13 funcionários de 12 empresas que seguiam da Região Serrana para São Paulo. Com medo, as vítimas criaram rota alternativa, com 100 quilômetros a mais. Passaram a seguir para Volta Redonda até Barra Mansa, para ter acesso à Rodovia Presidente Dutra rumo à capital paulista. Eles usariam as viaturas do batalhão como cativeiros móveis para forçar os donos de empresa a pagarem resgates de até R$ 9 mil.