Por marlos.mendes

Rio - O Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT) julgou ilegal e abusiva a greve dos rodoviários do município. O julgamento do processo movido pelo sindicato das empresas de ônibus (Rio Ônibus) contra a entidade que representa a categoria (Sintraturb) foi realizado na tarde desta segunda-feira, na Seção Especializada em Dissídios Coletivos, no Centro.

A decisão proíbe ainda novas paralisações, sob pena de multa diária de R$ 50 mil ao Sintraturb. Os dias não trabalhados pelos funcionários também serão descontados.

>>> GALERIA: Passageiros sofreram com quatro paralisações de rodoviários em maio

Apesar de o sindicato não estar à frente das paralisações - comandadas por grupo de dissidentes -, a entidade ainda é a representante legal da categoria, portanto, as sanções vão incidir sobre ela. Os advogados dos dissidentes afirmaram que vão recorrer da decisão.

Rodoviários promoveram quatro paralisações no mês de maio. Eles pedem 40% de aumento salarial, fim da dupla função, entre outras reivindicaçõesJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

"Não concordamos com a decisão do tribunal. Nós, do sindicato, não temos controle sobre os dissidentes. Sempre estivemos abertos a diálogos, mas foram os próprios dissidentes que não quiseram conversar", declarou o vice-presidente do Sintraturb, Sebastião José da Silva.

Por meio de nota, o Rio Ônibus voltou a afirmar que as paralisações foram ilegais, pois não cumpriram determinaçãod e aviso de 72 horas às empresas. Afirmou ainda que os grevistas não cumpriram a decisão judicial que determinou a circulação mínima de 70% da frota durante os dias de protesto.

700 ônibus quebrados

Desde o início de maio, os rodoviários dissidentes promoveram quatro paralisações, que terminaram com 700 ônibus depredados, segundo o Rio Ônibus. A primeira, de 24 horas, foi realizada no dia 8. As outras duraram 48 horas e ocorreram nos dias 13 e 14; e no dia 28 - que teve apenas 10% de adesão. A última não prejudicou o funcionamento do transporte público - foi mantido 70% do efetivo de coletivos.

Mesmo com a ilegalidade decretada, o grupo afirmou que via se reunir novamente às 16h desta quinta-feira, na Candelária. O grupo não descarta a possibilidade de uma nova greve. 

Impasse

As paralisações começaram, depois que o Sintraturb fechou acordo, em março, com o Rio ônibus, garantindo 10% de aumento salarial para a categoria. O grupo de dissidentes alega que a negociação foi ilegal, pois não teve apoio da categoria, que pede 40% de aumento. Os motoristas afirmam ainda que a presidência da entidade não se submeteu à aprovação dos sindicalizados em assembleia. 

Alegando a ilegalidade do acordo, os dissidentes procuraram o Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a instituição interceda no caso. O grupo aguarda o parecer do MPT, que está colhendo documentos para avaliar a denúncia.

O Sintraturb se defendeu, apresentando fotos de assembleia com cerca de 300 rodoviários. No entanto, o líder dos dissidentes, Hélio Teodoro o acusa de forjar provas: "Ele apresentou imagens de assembleia de 2013, não a que foi realizada em março deste ano, que não havia quase ninguém", disse o rodoviário. 


Você pode gostar