Por bianca.lobianco

Rio - A Polícia Civil informou que está investigando a morte do fotógrafo de 63 anos que morreu dentro do ônibus em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC). De acordo com informações da assessoria de imprensa, o caso foi registrado nesta segunda-feira na 10ªDP (Botafogo). O delegado titular da distristal já ouviu o motorista e o cobrador do ônibus. As investigações agora estão a cargo da 9ªDP (Catete), que instaurou inquérito policial para apurar a responsabilidade pela morte de Luiz Cláudio Marigo.

Luiz Cláudio Marigo%2C de 63 anos%2C era fotógrafo especializado em natureza. Ele morreu na segunda-feira após sofrer um infarto e não ser socorrido no INC%2C em LaranjeirasReprodução Facebook

O delegado titular da 9ªDP, Roberto Nunes, afirmou que os médicos responsáveis pelo caso poderá responder por homicídio doloso. "Vamos procurar saber junto ao hospital quem é que tinha de estar de plantão naquela data, quem eram os responsáveis que lá se encontravam, e que tinham o dever legal de fazer o atendimento. E se não o fizeram vão responder por homicídio doloso. Mas vamos aguardar a perícia para saber se a vítima faleceu no ônibus e se por acaso, com atendimento ainda poderia sobreviver”, disse em entrevista à Rádio CBN.

A polícia também vai ouvir o socorrista do Corpo de Bombeiros e vai identificar os médicos que estavam de plantão no hospital para prestarem depoimento na delegacia. Outras duas testemunhas também serão ouvidas.

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) também vai investigar a morte de Marigo. De acordo com a nota enviada à imprensa, o Cremerj afirma que, apesar da greve, o atendimento na emergência e urgência dos hospitais federais está acontecendo normalmente, assim como aos pacientes com câncer e com doenças crônicas.

O corpo do fotógrafo será sepultado na tarde desta terça-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Filho de fotógrafo acusa hospital de negligência pela morte do pai

A família do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, que morreu na tarde de segunda-feira em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, busca uma explicação para a falta de atendimento na unidade. Ele sofreu um infarto dentro de um ônibus mas não foi socorrido pelos médicos do hospital que está em greve.

"Ele estava em frente a um hospital de cardiologia que é referência nacional. Deve ter centenas de cardiologistas lá dentro. Eu acho que isso tem que ser investigado, apurado melhor. Mas ao que tudo indica foi uma tremenda negligência, uma tremenda falta de respeito que pode ter custado a vida do meu pai", diz Vitor Marigo, filho do fotógrafo, ao Bom Dia Brasil.

Cecília Banhara Marigo, viúva de Luiz Cláudio, também não escondia sua revolta pela falta de socorro dos médicos do INC ao fotógrafo. "É um absurdo completo ninguém ter prestado socorro. O motorista parou ali (no Hospital) dizendo: 'eu tenho um passageiro passando mal do coração'. E o hospital do coração não faz nada", questiona.

Luiz Cláudio Marigo pegou o ônibus da linha 422 (Grajaú-Cosme Velho) na altura do Largo do Machado. Em entrevista à TV Globo , Amarildo Gomes, motorista do coletivo, relatou que decidiu parar na porta do INC quando o homem começou a passar mal, com fortes dores no peito. Diante da negativa ao atendimento, chamou o Samu, que demorou cerca de 30 minutos para chegar, sem que médico algum aparecesse para ajudar.

“No total, passou cerca de uma hora entre nossa chegada e a morte do passageiro, sem que nenhum médico do hospital descesse”, disse. Cristiane Gerado, diretora do Sindsprev-RJ, sindicato dos trabalhadores da saúde em greve, negou que a paralisação tenha a ver com a morte do idoso. “Nós lamentamos essa morte, mas greve da saúde não significa falta de médicos”, resumiu.

INC esclarece o ocorrido 

A direção do Instituto Nacional de Cardiologia esclareceu o ocorrido por meio de nota. Segundo o documento, o hospital afirma que não foi realizada a remoção imediata da vítima para o INC, pois, de acordo com o protocolo de reanimação cardíaca, não é recomendável a mobilização do paciente.

"A equipe de segurança e da recepção do instituto é treinada para encaminhar os casos de urgência que chegam à unidade para o serviço de ambulatório para tratamento especial de segunda a sexta-feira até 17h; depois desse horário, fins de semana e feriados, esses profissionais são orientados a acionar a equipe médica de plantão do CTI, disponível 24 horas por dia.

Apesar de não contar com serviço de emergência, ainda assim o INC disponibiliza infraestrutura necessária para atendimento de urgência 24 horas por dia. Vale destacar que na manhã de segunda-feira (02/06), quatro pessoas em situação de emergência chegaram ao Instituto e foram atendidas pela equipe médica do ambulatório para tratamento especial. Além disso, nesse mesmo dia, foram realizadas 223 consultas ambulatoriais, configurando o funcionamento normal da instituição, apesar da greve". 


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