Rio - O que seria apenas um dia de trabalho comum se transformou em uma jornada de dor para Michele da Silva dos Santos, de 36 anos. A atendente do supermercado Mundial, na Praça da Bandeira, na Tijuca, Zona Norte, foi chamada de “macaca”, após se confundir com o pedido de um cliente, na manhã de ontem. Morador do bairro, o aposentado Roberto Grinspun, 65, foi preso em flagrante depois que testemunhas acionaram a PM.
O crime de injúria qualificada, quando a ofensa envolve conteúdo racista, ocorreu na Rua do Matoso, a menos de dois quilômetros do Maracanã, que já atrai turistas de todo o planeta que vieram para a Copa do Mundo.
“É um absurdo que esse tipo de coisa ainda aconteça. Depois que o homem recebeu o queijo que tinha pedido, xingou a atendente. Ela ficou desnorteada. Começou a chorar e a ficar falando consigo mesma. Eu pedi que ele se retratasse, mas ele continuou a fazer compras normalmente, como se nada tivesse acontecido”, conta a comissária de bordo Glaucia Torres, 52.
Ela diz que a atitude racista também revoltou outros clientes. “Mesmo assim, o gerente do supermercado e os seguranças pareciam não acreditar na denúncia que estávamos fazendo. Tivemos que insistir para que eles chamassem a polícia e abordassem o homem que ofendeu a atendente”. Grinspun foi levado para a delegacia da Praça da Bandeira (18ªDP), de onde foi liberado após familiares pagarem fiança de R$ 1.000.
“Ele confessou que chamou a atendente de macaca e se disse arrependido. O crime de injúria qualificada é passível de fiança e, por isso, Grinspun foi liberado por volta das 18h, depois que familiares pagaram o valor exigido”, informou o delegado Fábio Barucke, titular da 18ª DP.