Por thiago.antunes

Rio - Uma doença de nome complicado que causa feridas na pele de animais, principalmente de gatos, virou uma epidemia em cidades da Região Metropolitana do Rio. O alerta é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que, entre 1998 e 2012, já atendeu mais de 4 mil gatos e 200 cães, vítimas da esporotricose, uma micose profunda e altamente contagiosa , que antigamente pouco se ouvia falar, e que se adquiria através de machucados com galhos de árvore, farpas de madeira ou espinhos de plantas.

Atualmente, o contágio ocorre por meio de arranhões e mordidas de animais doentes ou pelo contato da pele ou mucosa com as secreções das lesões. Normalmente, os gatos adquirem a doença em brigas, que ocorrem durante o acasalamento quando saem às ruas. A infecção, provocada por um fungo(Sporothrix schenckii) se inicia com o aparecimento de feridas, geralmente na face e membros, e, em seguida, se espalha pelo corpo.

A veterinária Isabela Dib atende um gatinho com a doença%2C que pode contaminar os seres humanosDivulgação

“Se não for tratada adequadamente pode levar o animal à morte, em especial o gato, que é muito sensível à doença”, explica o médico veterinário Sandro Antônio Pereira, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos, da Fiocruz. No mesmo período, ele atendeu 4 mil pessoas contaminadas pela esporotricose.

Nelas, a doença surge com uma lesão avermelhada, semelhante à picada de inseto, que pode desaparecer ou aumentar de tamanho e vir acompanhada de outras lesões enfileiradas. O pesquisador Sandro Pereira conta que a esporotricose sempre esteve presente no Rio, entretanto, poucos casos eram registrados até o final da década de 1990. “Não existe uma resposta simples para um problema de saúde pública com esta complexidade. Está relacionada à população de baixa renda que vive em precárias condições e à deficiência nas ações de vigilância e controle da doença”, afirma.

A atriz Fiorella encontrou Maddox na rua com esporotricose%2C doença que atinge a pele. Ela tratou o gatoDivulgação

A atriz e modelo Fiorella Mattheis enfrentou de perto a doença em seu gato vira-lata, o Maddox. O animal havia sido abandonado, aumentando ainda mais os riscos de transmissão da doença. Fiorella decidiu recolher o gatinho e levá-lo para sua casa.Ele estava muito magro, sujo e debilitado pela esporotricose. “Desci do carro e quando vi o focinho dele estava ferido e cheio de sangue. Enrolei o Maddox em uma lona e o levei ao veterinário. Tratei, cuidei, dei amor e hoje ele está curado, lindo e carinhoso. Parece até cachorro! E com 6 quilos a mais!”, conta Fiorella.

O tratamento pode ser feito no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz. O atendimento, porém, é realizado mediante disponibilidade de vagas na agenda para pacientes de primeira vez.

Sintomas

Os sinais mais comuns são feridas profundas na pele, com pus, que não cicatrizam e se espalham rapidamente.

Contágio

Animais contaminados, em especial os gatos, transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto com a lesão.

Cuidados

Se suspeitar que o seu animal tem a doença, isole o pet de outras espécies; use luvas de borracha para tocar no bicho e, em seguida, lava as mãos com água e sabão; desinfete o ambiente onde o animal costuma ficar com água sanitária ou cloro; creme os bichos mortos. Não enterre, pois o fungo sobrevive na natureza; não faça curativos e nem dê banhos; castre os machos para diminuir suas saídas. Não o deixe solto ou passeando na rua.

Prevenção

Gatos com feridas na pele devem ser levados para atendimento veterinário para o diagnóstico e tratamento. O tratamento pode durar mais de um ano.

Você pode gostar