Por karilayn.areias

Rio - A maioria da população fluminense aceitaria deixar o carro em casa algum dia da semana para melhorar o trânsito nosso de cada dia. O rodízio de veículos, já adotado em outras cidades como São Paulo, é aprovado por 70% das pessoas ouvidas pelo Instituto Gerp, em pesquisa encomendada pelo DIA, e feita entre os dias 23 e 29 de maio. As regiões que mais concordam com esse rodízio são a Baixada Fluminense e Niterói-Manilha. De acordo com a enquete, a bicicleta foi o meio de transporte mais bem avaliado pelos usuários, com 13% de aprovação, seguida por motos, metrô, vans, barcas, trem e, por último, os ônibus, como o pior serviço.

Fábio reclama de motorista que joga o carro em cima das bicicletasPaulo Araújo / Agência O Dia

O pesquisador Fábio de Souza, 30 anos, vai de bicicleta da Glória, onde mora, até a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Parte do trajeto é feito nas barcas, que não cobram para carregar o veículo de duas rodas. Ele, porém, não consegue usar o mesmo transporte para chegar até o trabalho, na Fiocruz. “Os motoristas de táxis e ônibus jogam o carro para cima da gente. A convivência é difícil. Falta educação no trânsito”, diz Fábio, que reclama da oferta reduzida de bicicletas de aluguel.

Para estimular o transporte sustentável, a Prefeitura do Rio pretende expandir ciclovias e bicicletários ao longo dos corredores dos BRTs, como o da Transcarioca. A meta é chegar a 450 quilômetros de malha cicloviária na cidade até 2016. O professor de Engenharia de Transportes da Uerj, José de Oliveira Guerra, acredita que o projeto é viável. “A ideia de fazer integração com os BRTs é boa. Muitos só não usam a bicicleta por falta de infraestrutura”, avalia.

Na opinião do especialista, a chegada de novas barcas e composições de metrô e trem não resolve o problema. “O usuário só terá sistema de qualidade no dia em que todos os meios de transportes estiverem integrados”, avisa Guerra.

Clique para visualizar imagemArte / O Dia

Mais da metade (68%) alega que os engarrafamentos provocados por obras públicas afetam sua rotina. Desses, 86% dizem que os congestionamentos prejudicam a vida profissional e 68%, a saúde.

“O trabalhador sofre por duas razões: porque as empresas contratam funcionários que morem perto e porque é sacrificante. Quem vive distante, gasta seis horas diárias no trânsito. O desgaste reduz a produtividade”, diz Janaína Ferreira, professora de Gestão de Pessoas do Ibmec.

Para 49%, ônibus é ruim

De cada dez pessoas que pegam ônibus no Estado do Rio, cinco não estão satisfeitas com o serviço. Do total de usuários, 49% classificaram o transporte como ruim ou péssima.“Os veículos são sujos e os motoristas, mal educados. Arrancam antes de você subir, e os próprios passageiros pedem para parar fora do ponto”, critica a química Paula Nina, 42 anos, que costuma deixar o carro na garagem durante a semana para reduzir os custos de combustível, manutenção e estacionamento.

Paula Nina critica sujeira dos veículos e motoristas mal-educados Paulo Araújo / Agência O Dia

Moradora de Copacabana, Paula evita o metrô. “Está cada vez mais cheio”, diz. O sistema foi bem avaliado por 31% dos entrevistados, sendo que 20% não aprovam o transporte. As vans e as motos são os meios de transportes preferidos por 32% e 38% da população, respectivamente.

Carro é o segundo mais usado

O carro é o segundo meio de transporte mais usados pela população fluminense para ir ao trabalho. Têm 14% da preferência, atrás apenas dos ônibus que transportam 43% dos usuários ouvidos na pesquisa.

Entre os que tiram o automóvel da garagem , a grande maioria (59%) viaja sozinho. Prova de que a carona solidária não pegou no estado. “Tem muita violência, acho que o carioca fica desconfiado e acaba não dividindo o carro com outras pessoas”, observa o empresário Fabrizzio Carnevale, que segue de carro do Cachambi, na Zona Norte, até o Centro apenas na companhia da esposa.

Só 1% da população leva mais de quatro pessoas no mesmo carro. O empresário troca o automóvel pelo metrô em dias de manifestação. “Tenho que sair mais cedo de casa e pegar táxi até o metrô”, conta. A Região Metropolitana do Rio foi o local que mais criticou os transportes públicos.

Fabrizzio Carnevale acha que carioca teme violência ao dar caronaPaulo Araújo / Agência O Dia


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