Por bianca.lobianco

Rio - Basta rolar a bola para milhares de pessoas voltarem sua atenção para o telão gigante montado no Fifa Fan Fest, em Copacabana. Um olhar mais atento, porém, mostra que jogos mais discretos estão sendo disputados todos os dias em paralelo ao Mundial.

Multiplicam-se olhares, piscadelas, conversas ao pé do ouvido e, vez por outra, alguns beijos. Nas partidas do torneio da paquera, há craques, pernas-de-pau, e a busca pela pegação é intensa como pelos gols. Os estrangeiros e estrangeiras são os alvos principais, mas os brasileiros mostram mais atitude e estão levando vantagem.

Torcedoras curtem flerte na Fan Fest%2C mas não gostam de ser confundidas com turistas de outros paísesPaulo Araújo / Agência O Dia

O Chile tinha acabado de abrir o placar contra a Espanha na quarta-feira, quando um grupo de argentinos de aproximou das jovens Juliana Studart, Gabriela Milmam e Carolina Castelli. O castelhano dos hermanos atrapalhou a primeira aproximação, mas, aos poucos, a paquera mostrou ter linguagem universal e, no gestual, as turmas se entenderam.

“Alguns gringos são atirados, chegam para conversar, convidam para sair depois do jogo. Outros, lentos”, disse Juliana, 18 anos, que, apesar do declarado objetivo de ‘ficar’ com pessoas de outros países, só tinha beijado brasileiros.

“Meus olhos claros enganam. Acham que não sou daqui”, diverte-se, chamando atenção para o fato de que a maior parte do público é composta por homens. “É impressionante. Mas a maioria parece estar mais interessada no jogo.” Já a amiga Carolina não deu trela para os argentinos. “Os mais bonitos do Fan Fest são os uruguaios”, escolheu.

Ana Carolina Antunes, Rebeca Cruz e Rafaela Ferreira foram para o Fifa Fan Fest na quarta orientadas por outras amigas, que disseram ser ali o lugar perfeito para azaração. Mas a barreira da língua, segundo elas, inibia a aproximação. “Eles olham, reparam, mas não tomam atitude”, reclamou Rebeca, 18. “O jogo só está começando, e não vamos ficar no 0 a 0”, resumiu Ana, 17, animada. Nathália Costa, 21, era a única comprometida do grupo e ficava de olho nas amigas.

Pegação e despedida de solteiro

O que acontece no Fan Fest, fica no Fan Fest”. A frase é de Paulo Souto, 20 anos, que, junto com seis amigos, saiu de Bonsucesso para aproveitar a festa em Copacabana. O objetivo era assistir aos jogos disputados na última quinta, mas também marcou a despedida de solteiro de seu cunhado, Alexandre Soares, 26. Enquanto os amigos começavam a esquadrinhar o ambiente, que naquela tarde reunia cerca de 30 mil pessoas, à procura de algum flerte, ele jurava fidelidade e amor à noiva, Jéssica. “É minha despedida de solteiro, mas amo minha mulher. Estou comportado”, indicou.

Paulo disse não saber falar nada em inglês ou espanhol, idiomas dominantes no território do Fan Fest. Talvez por isso disse preferir as brasileiras. “Essas gringas não estão com nada. Sou mais as cariocas”, indicou.

Até aquela hora, ele ainda não tinha desencantado no placar, mas já tinha traçado uma estratégia especial. “Se eu me interessar por alguma estrangeira, chamo alguém que saiba a língua e peço para ir lá falar por mim”, brincou o jovem.


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