Por felipe.martins

Rio - Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE)  informou que a deputada federal e candidata à reeleição Jandira Feghali (PCdoB-RJ) será processada em razão do tumulto no início do ato em favor do candidato petista ao governo do estado, Lindbergh Farias na casa de espetáculos Via Show, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense por volta das 18h.

De acordo com o órgão, a deputada negou-se a cumprir decisão da coordenadora estadual da fiscalização da propaganda, juíza Daniela Barbosa, de interromper um ato partidário que reuniu 7 mil pessoas na casa de espetáculos, apoiando as candidaturas de Lindbergh, ao governo, e do deputado federal Romário (PSB), ao senado.

Ainda  de acordo com o TRE, "os responsáveis pelo evento e a deputada, que incitou militantes a hostilizar fiscais do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, vão ser processados por descumprimento da ordem judicial". O órgão de fiscalização destacou ainda que "como possui mandato eletivo, Jandira Feghali não pode ser presa em flagrante".

Tumulto em ato a favor de Lindbergh Farias%2C candidato do PT ao governo do estadoDivulgação

O TRE afirma ainda que os fiscais foram hostilizados e impedidos de entrar na casa de shows pela multidão, que iniciou um quebra-quebra com lançamento de gás de pimenta e tumulto generalizado. Ainda segundo a nota,  "em menor número, a fiscalização chamou a PM, que aconselhou-a permanecer do lado de fora, onde monitorou o evento e identificou participantes, muitos deles enviados ao local em ônibus fretados. O relatório será enviado ao Ministério Público Eleitoral, que pode ajuizar ações por propaganda antecipada e abuso do poder econômico", encerrando o texto.

Ação do TRE "foi um ato de desespero", diz deputada

A deputada federal Jandira Feghali reagiu à decisão do TRE de processá-la. "Nós vamos responder dentro da lei a qualquer medida que o TRE tomar. Nós temos tudo filmado, áudio, vídeo. Vamos tomar providências com relação a essa arbitrariedade que ocorreu essa noite".

Segundo a deputada, a decisão da juíza Daniela Barbosa Assunção de suspender o ato em apoio a Lindbergh foi ilegal. "Foi uma decisão política, motivada provavelmente por outra candidatura. A convenção do PMDB aconteceu no mesmo dia e horário e nada aconteceu, disse ela. “Juiz que solta ordem judicial fora da lei, sem nenhum embasamento legal, também pode ser representado junto ao Conselho Nacional de Justiça e perder o cargo”, reagiu Jandira.

Ela acusou ainda os fiscais de agressão aos militantes presentes no evento. "Os fiscais  do TRE agrediram as pessoas, trouxeram spray de pimenta para lançar na gente, uma coisa absurda. Não tenho dúvidas que foi uma arbitrariedade politicamente conduzida". 

A confusão

Militantes dos partidos que apoiam Lindbergh entraram em confronto com agentes do TRE (Tribunal Regional Eleitoral). A confusão ocorreu quando cerca de 300 pessoas foram impedidas de entrar na casa de espetáculos Via Show, em Nova Iguaçu, pelos agentes, que alegavam que somente filiados aos partidos poderiam participar do evento.

Um empurra-empurra acabou com militantes invadindo a Via Show. Muitas pessoas acabaram entrando pela lateral. Na confusão, uma pessoa não identificada fez uso de spray de pimenta.

Os agentes do TRE apresentaram aos representantes dos partidos um ofício da juíza Daniela Barbosa Assunção que impedia a realização do evento. Os militantes da Frente Popular (que reúne PT, PSB , PV e PC do B), no entanto, alegaram que a reunião não é um ato de campanha e que não há militantes com número de candidato nas camisas ou em panfletos. Contudo, havia dois telões exibindo a todo o momento a imagem do candidato petista.

A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ) se posicionou para que a porta da casa de shows não fosse fechada pelos agentes. "Não tem nenhuma ilegalidade neste ato. O número de pessoas aqui prova que a gente já venceu. Eu me responsabilizo por tudo o que está acontecendo aqui", disse ela.

Membro da executiva municipal do PT, Maria Alice Vidal protestou contra a ação do TRE. "Está sendo realizada uma convenção do PMDB no mesmo momento e duvido que eles estejam sendo tratados da mesma forma", disse ela.

O advogado da coligação, Raoni Vita, disse, no local, que entrou em contato com a juíza e ela, ao saber da confusão que ocorria na Via Show, acabou liberando a realização do ato político. O evento ocorreu com a presença do candidato ao governo e do deputado federal Romário (PSB), candidato ao Senado.

Durante a confusão, um homem com camisa do TRE saiu em um carro da Polícia.

"O PMDB do Rio joga sujo", afirma Lindbergh

Assim que chegou à casa de shows, Lindbergh afirmou que não vai aceitar “arbitrariedades na campanha”. “Quero saber se houve algo similar na convenção do PMDB, realizada no mesmo horário. É um absurdo exigir a presença de pessoas filiadas numa convenção partidária. Nunca vi isso, uma convenção partidária ter spray de pimenta”, discursou o petista. “O PMDB do Rio joga sujo. Não vamos aceitar isso. Mais uma ação que mostra que eles estão desesperados”, completou.

Ele aproveitou ainda para ironizar o tempo de TV de seu adversário peemedebista, que deverá ficar em torno de 10 minutos. O petista deverá dispor de cerca de cinco no programa eleitoral, considerado o principal instrumento hoje das campanhas. “Nós temos um bom tempo de TV, um pouco menor que o do Pezão, é verdade. O horário eleitoral do Pezão vai ser uma novela cansativa”, disse.

Romário e Lindbergh se encontraram em Nova Iguaçu depois da confusão entre militantes que os apoiam e fiscais da Justiça EleitoralFernando Souza

Preparada pelo marqueteiro João Santana, a festa de lançamento da Frente que vai apoiar a candidatura do senador teve uma grande produção, com direito a telões de LED e imensos painéis com fotos do petista. Assim que Lindbergh pegou o microfone, luzes se apagaram, e ele caminhou por uma pequena passarela em meio ao público. Nos discursos, Romário agradeceu a Jandira, que abriu mão de sua candidatura ao Senado.

Lindbergh  afirmou ainda que sua chapa, formada pelo PSB, PV e PCdoB, é um “casamento sério das forças de esquerda, fruto de um namoro antigo”. Ao lado de Romário, candidato ao Senado pelo PSB do presidenciável Eduardo Campos, o petista garantiu que nada mudará no seu palanque para a presidenta Dilma Rousseff.

“O Romário na minha chapa não muda nada para presidenta Dilma. Nossa chapa é um casamento sério das forças de esquerda, fruto de um namoro antigo. Com eles juntos, vai ser mais fácil para o eleitor ver que eles são da velha política, e não são mais desejados no governo do Rio”, discursou Lindbergh, diante de uma plateia de cerca de sete mil militantes.

Com informações de Leandro Resende



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