Por paulo.gomes

Rio - Apontado pela Polícia Civil como o maior traficante de drogas da Baixada, Carlos Fagner de Souza Pinto, de 25 anos, o Papagaio, foi preso quinta-feira à noite por agentes da 21ª DP (Bonsucesso), na antiga Estrada Rio-São Paulo, em Nova Iguaçu, cidade onde ele comanda 10 favelas, todas próximas à Av. Abílio Augusto Távora — antiga Estrada de Madureira. Para protegê-lo, havia escolta feita por comparsas que faziam o papel de batedores em motos.

A investigação durou três meses. O criminoso, criado na Nova Brasília, no Complexo do Alemão, foi capturado num táxi, após ser cercado por oito policiais.

Carlos Fagner de Souza Pinto%2C o Papagaio%2C foi preso na noite de quinta-feira dentro de um táxi%2C em Nova Iguaçu. Ele é considerado como o principal traficante da BaixadaDiego Valdevino / Agência O Dia

“Chovia muito, por volta das 19h, e aproveitamos para vigiar o bando de perto. Dois batedores em duas motocicletas, que faziam a segurança do Papagaio, não viram nossos carros, e demos o bote certeiro”, comentou o delegado da 21ª DP (Bonsucesso) Delmir Gouvea, sustentando que o traficante sempre se deslocava desta forma do Alemão para a Baixada.

Na delegacia, Papagaio admitiu que, após a Copa, pretendia invadir e ‘tomar’ mais duas comunidades em Nova Iguaçu — uma delas, a Prados Verdes, estaria sob poder de milicianos.

“Ele é perigoso e sempre participava dos confrontos com a polícia. É um traficante de guerra. Vamos investigar o histórico dele e também se planejava atacar favelas de São João de Meriti”, disse Delmir.

Para a polícia, o criminoso confessou que, com 200 homens, comanda as comunidades Grão-Pará — onde, segundo ele, fica seu ‘quartel general’, com oito fuzis em poder do grupo —, Dom Bosco, Pantanal, Vila Belga, Conjunto da Marinha, Parquinho, Marapicu, Campo Belo, Sem Terra e Guacha.

Contra ele havia mandado de prisão por associação ao tráfico de drogas e recompensa pelo Disque-Denúncia (2253-1177) por sua captura. O traficante tem condenação por roubo em 2007. E deixou a prisão em 2009.

Delegado-adjunto da 56ª DP (Comendador Soares), Caciano Conte afirmou que vai investigar se há atuação de milicianos em Prados Verdes. “O inquérito contra ele começou aqui e ele ainda é investigado por homicídio e tentativa de homicídio contra policiais”, disse Conte.


Lei do silêncio determinada por bandido impera nas comunidades

Segundo agentes da 56ª DP, outros sete homens de confiança de Papagaio estão na mira da polícia. Eles tiveram a prisão decretada pela Justiça. Nas comunidades chefiadas pelo criminoso, a lei do silêncio impera entre moradores e comerciantes. Alguns ainda resistem e denunciam.

“Toda esta extensão da Estrada de Madureira é perigosa. Grão-Pará é a região com mais traficantes. Viver aqui é um inferno, pois vemos diariamente bandidos armados em motos”, disse um morador.

De acordo com o subcomandante do 20º BPM (Mesquita), Roberto Dantas, sem Papagaio, as comunidades dominadas pelo tráfico ficarão enfraquecidas. “Eles estão sem a principal liderança. Vamos continuar com as operações de combate e fazer cada vez mais prisões. Ao longo da Estrada de Madureira, o roubo de carros é o crime que mais preocupa”, informou.



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