Por felipe.martins

Rio - A quadrilha da máfia dos ingressos, capaz de movimentar R$ 200 milhões por Copa do Mundo, tinha contatos com clientes com grande poderio financeiro e negociações com pessoas influentes que nem sempre envolviam o inglês Raymond Whelan, o ‘tubarão’ da Fifa, acusado de ser o principal fornecedor da quadrilha. Novas escutas telefônicas obtidas pelo DIA mostram o contato entre o francês de origem argelina Mohamadou Lamine Fofana, apontado como o chefão do grupo, e um homem identificado como Roger.

Assim como nos contatos com Whelan, o ponto de encontro para os negócios era o Copacabana Palace, hotel com grande concentração de pessoas ligadas à Fifa durante o Mundial. Numa conversa de dois minutos, ocorrida às 21h42 do dia 17 de junho, Lamine Fofana demonstra preocupação: “Eu não quero perder dinheiro, eu não quero perder amizade (...). Se eu não te respondi é porque estava com problema para resolver. Eu tenho dez mil dólares comigo (...). Às oito e meia da manhã, estarei no Copacabana Palace”, disse.

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Em outro diálogo com um cambista ainda não identificado, no dia 13 de junho, Fofana revelou o quilate dos clientes que se tornaram alvo da quadrilha: “Não tem dinheiro, não fala comigo (...). O cara (um cliente) ficou em hotel que custa R$ 2,5 mil a noite, entendeu? Se eu fico nesse hotel, você sabe que eu tenho dinheiro”.

Quinta-feira, o Juizado Especial do Torcedor pediu a prisão preventiva de 11 dos 12 acusados de envolvimento no esquema. O grupo foi denunciado pelos crimes de cambismo, organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. O executivo Raymond Whelan, que atuava na Match Services, empresa com exclusividade na venda de ingressos, está foragido.


Fuga pela porta de funcionários

O Copacabana Palace virou endereço de uma prisão e uma fuga. A detenção ocorreu na segunda-feira, quando Whelan foi preso pela 18ª DP (Praça da Bandeira). Beneficiado por um pedido de liberdade provisória, acabou solto na madrugada seguinte.

Quinta-feira à tarde, o inglês fugiu do hotel pela porta dos funcionários e passou a ser procurado pela Interpol. Uma câmera mostrou quando ele deixou o local com o advogado Fernando Fernandes. Na ocasião, policiais estavam a caminho do hotel para cumprir mandado de prisão.

A polícia investiga a suposta participação do advogado na fuga. Em nota, a Match Services informou que o inglês e o advogado não tinham conhecimento do mandado de prisão quando deixaram o hotel.
Ontem à noite, material apreendido no quarto onde o inglês estava hospedado foi levado à 18ª DP.

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