Por adriano.araujo

Rio - Ações violentas da Polícia Militar registradas por cinegrafistas no protesto contra a Copa do Mundo, na Praça Saens Peña, na Tijuca, no domingo, se espalharam pela internet, provocando indignação. Num dos vídeos, do Jornal A Nova Democracia, o cineasta canadense Jason O’Hara, de 35 anos, aparece sendo agredido por um PM com um chute, enquanto trocava o cartão de sua máquina fotográfica. Outros 15 profissionais de imprensa foram feridos, segundo o Sindicato dos Jornalistas do Rio, que emitiu nota.

Ao DIA, Jason, que usava capacete na hora da agressão, disse estar decepcionado com a PM. Ele disse ter sido agredido a pontapés por cinco ou seis policiais, antes da agressão com um chute. “Essas imagens estavam num cartão, roubado por um PM junto com a minha câmera GoPro, que era acoplada no meu capacete. Fui agredido e roubado pela Polícia Militar. Ridículo, né?”, desabafou, mostrando ferimento na perna direita, que atingiu até o osso, e causado, conforme ele, por chute.

Jason, que já produziu documentários de causas sociais em 20 países, é autor de ‘Ritmos de Resistência’, exibido no Festival de Cinema do Rio, sobre impactos das Unidades de Polícia Pacificadora. Atualmente, produz filme sobre remoções supostamente forçadas para as obras do Mundial e das Olimpíadas 2016.

Outras imagens mostram policiais perseguindo pessoas no metrô

Em outro vídeo, feito com um celular no domingo, PMs aparecem, em meio a gritos e muita confusão, usando spray de pimenta e correndo atrás de pessoas dentro da Estação do Metrô da Saens Peña.
Em nota, o comando da Polícia Militar informou que “determinou a abertura de inquérito para apurar os atos de violência de policiais contra cidadãos no domingo”.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas, 15 repórteres — incluindo alguns de mídias alternativas — ficaram feridos no domingo. “O aparato militar armado resultou em prisões arbitrárias, ferimentos e no cerceamento do ir e vir de manifestantes, jornalistas e de comunicadores populares. O sindicato repudia com veemência essa política de repressão”, diz trecho da nota.

Após ser agredido por PM e ter equipamento roubado%2C o cineasta canadense Jason Ohara foi atendido por voluntáriosSeverino Silva / Agência O Dia

O sindicato garante que 90 profissionais e comunicadores alternativos foram vítimas de agressões e cerceamento em passeatas desde maio do ano passado.

Já a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) diz ter contabilizado 36 casos de prisões, agressões e detenções somente durante a Copa. “A maioria das violações (89%) partiu da polícia, sendo 52%, intencionais”.

Justiça nega liberdade aos 17 detidos

?Justiça do Rio negou os pedidos de liberdade provisória para os 17 ativistas presos sábado durante operação ‘Firewall 2’ da Polícia Civil. Também foram apreendidos dois menores. Para a desembargadora do plantão Judiciário Maria Luisa de Freitas Carvalho, prevaleceu o argumento do juiz da 27ª Vara Criminal de que eles poderiam estar “planejando a consecução de atos criminosos e de violência”.

Após passar uma noite na carceragem da Cidade da Polícia, eles foram levados também no domingo para o Complexo Penitenciário de Bangu. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, as mulheres do grupo firam levadas para a penitenciária Joaquim Ferreira de Souza; já os do sexo masculino, para o presídio José Frederico Marques. A decisão foi duramente criticada pelos advogados dos ativistas. “É equivocado tecnicamente”, afirmou Lucas Sada, que defende a radialista da EBC Joseane de Freitas.

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