Por daniela.lima

Rio - A vitória alemã teve um sentimento especial para a torcida brasileira no Rio. A vibração pelo time da Alemanha — ou melhor, contra a Argentina — resgatou o hábito de famílias e amigos se reunirem para assistir partidas, deu vazão aos fogos de artifícios encalhados e chance à torcida verde e amarela de colocar para fora o grito entalado com o quarto lugar.

Com reforço verde e amarelo%2C a torcida alemã na Arena Fifa Fan Fest em Copacabana ficou eufórica depois da vitória na prorrogação da final da Copa%3A comemoração merecidaFernando Souza / Agência O Dia


No Leme, no quiosque ponto de encontro dos apaixonados pela ‘Super Alemanha’ , os gritos em português, às vezes, soavam mais altos que os dos nativos de Schweinsteiger & Cia. “Não tem como negar. A Alemanha tem o time mais completo da Copa. Foi merecido. E eu, brasileira, estou muito feliz com a vitória deles”, afirmou a analista de sistemas Juliana de Souza, 35 anos.

A estudante alemã Janina Kubicki, de 24 anos, também contou com o reforço das amigas brasileiras. Em um intercâmbio, Janina vive na casa de uma amiga, em Niterói. E esteve com as brasileiras em um bar na Lapa. Todas devidamente caracterizadas. Era o caso da engenheira Ilana Müller, de 27 anos, que morou seis meses na Alemanha, também em intercâmbio, em 2009. Com as cores da bandeira alemã no rosto, misturava o país de origem e o país tetracampeão do mundo no visual. Os brincos eram no formato da bandeira do Brasil. As meias até a metade da canela e um sapatinho simulavam um tipo de vestimenta comum entre as alemãs.

“A Alemanha era a minha segunda torcida. E a Argentina perdeu. Então, eu posso dizer que já esqueci a derrota da Seleção”, sorri. No mesmo bar, uma brasileira tentava ensinar passos de forró a um alemão. Se faltava ginga, sobrava alegria.

Nascida aqui, mas residindo nos EUA, a professora Brynda Mara Grube, 36 anos, era só emoção. Com a filha americana, estava no quiosque sofrendo como uma típica alemã. “Este time conseguiu manter o jogo e mostrou competência. Nada mais justo que ganhasse a Copa. O Brasil foi o que vimos, sem estratégia, sem planejamento. Não havia sequer um plano B”, disse ela, que não se intimidou e abraçou vários alemães no momento do gol.

Da Baviera, Carmen Fuchs, 23 anos, está pela primeira vez no Rio. Encantada com a cidade e a Copa, sofreu a cada tentativa de gol do time. “Estou feliz, muito. Não sei nem dizer qual o jogador é o melhor da seleção”, brincou. O empresário alemão Ralph Huebner, de 39 anos, trajava uma camisa alemã dada por sua mãe em 1990. Na época, ele era um adolescente e via a Alemanha conquistar seu último título mundial. “Agora, estou usando essa camisa de novo e vendo a Alemanha ser campeã no Brasil, o país do futebol.”

Campeões ganham apoio de outros países na final


Não foram apenas brasileiros que reforçaram a torcida alemã. Devidamente fardada com a camisa da Alemanha, a sul-africana Melanie van der Westhuizen torcia pelos tetracampeões mundiais, já que estava no país com colegas de trabalho alemães, em um bar na Lapa. “Eles são meus irmãos da Alemanha. Vou comemorar com eles”.

Ao lado dela, estava o piloto alemão Roger Schnorr, que não se encantou apenas com o desempenho da sua Seleção na Copa. “Estou fascinado pelo Brasil. Viajei para todos os cantos do país na Copa e só conheci pessoas legais”, revelou o alemão, que pretende voltar ao país no fim do ano.

Não importa a nacionalidade, quando a torcida é alemã até o que parece indecifrável ganha coro. E foi assim ontem. No Leme, o grito “Super Deutschland” (fantástica Alemanha) foi ecoado por brasileiros. “É tão contagiante que não tem como não entrar na torcida deles. O mais impressionante é que você não ouve xingamentos. Um berro ou outro, mas nada que te deixe constrangido”, admite a universitária Carol Dias, 24 anos.

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