Rio - Dezessete deputados faltaram a pelo menos 10% das sessões realizadas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre 2011 e maio deste ano. O número de faltosos equivale a cerca de 24% do total de deputados da Alerj, composta por 70 parlamentares. O campeão de faltas é o deputado Marcos Abrahão, do PT do B, eleito com mais de 52 mil votos em 2010. Ele não esteve em 84 sessões, 21% das 394 realizadas nos últimos três anos e meio.
Do grupo de faltosos, 16 tentarão a reeleição para Alerj. Apenas Altineu Cortês (PR) buscará uma vaga na Câmara Federal. Os dados usados para o levantamento correspondem às faltas não justificadas pelos parlamentares e foram obtidos em listas disponíveis no site oficial da Assembleia.
O nada honroso ‘pódio’ dos mais ausentes tem Roberto Dinamite (PMDB) em segundo lugar. Ele, que teve quase 40 mil votos em 2010, não compareceu a 79 (20%) das sessões. Samuquinha (PR) vem logo atrás, com 67 ausências, 17% do total. Ele foi eleito com 32 mil votos.
O ano recorde de faltas de Marcos Abrahão foi 2012, ocasião em ele foi candidato derrotado à prefeitura de Rio Bonito: 33 ausências em 118 sessões. Ele não foi encontrado para falar sobre suas faltas. Segundo sua chefia de gabinete, ele fez campanha durante toda a última sexta-feira na cidade de Silva Jardim e ficou sem acesso ao telefone.
Além da liderança no ranking dos que menos apareceram na Assembleia nos últimos três anos e meio, Abrahão também faz parte do grupo de parlamentares fluminenses que responde a processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele aguarda julgamento após ter sido denunciado pela Procuradoria por abuso de poder, devido ao uso de transporte gratuito em “ação eleitoreira” nas eleições de 2010.
Paralelamente, em fevereiro deste ano, o Ministério Público denunciou Abrahão como mandante do homicídio do ex-pastor e deputado Valdeci Paiva de Jesus (PSL), em 2003. O processo corre na Justiça, mas a chefia de seu gabinete diz que o deputado é inocente e os acusados do crime à época já estão em liberdade.
Já Roberto Dinamite, que busca a reeleição para Alerj, disse que justificou suas ausências em “algumas oportunidades” e explicou que muitas vezes precisou se ausentar para “ir a Brasília resolver problemas do Vasco da Gama”, clube do qual é presidente desde 2008. “Não consegui agradar a todos. Dei a minha contribuição para política e para o Vasco, da melhor forma possível. Olhar as faltas é olhar apenas um lado, atuei em outros lugares. Política não se faz só dentro da casa legislativa”, declarou Dinamite, que neste ano se dedicará apenas à campanha para Alerj, já que não se candidatará à reeleição no Vasco. “Futebol e política são mundos muito parecidos”, indicou.
‘Medalha de bronze’ entre os faltosos, Samuquinha não foi localizado. Recentemente, ele teve o pedido de sua candidatura impugnado pela Procuradoria Regional Eleitoral, e um centro social em seu nome, localizado em Santa Cruz, foi fechado pela Justiça Eleitoral.
?Parlamentares eleitos ganharão carros novos
Quem for eleito para ocupar uma das 70 cadeiras da Alerj, a partir de 2015, não terá motivos para se queixar. Além dos quinze salários brutos no valor de R$ 20.042,35, os deputados estaduais também desfrutarão de carros novos. No lugar dos Volkswagen Boras, os parlamentares terão 70 Nissan Sentra à disposição, cujo modelo 2014 mais barato custa cerca de R$ 62 mil. Segundo a assessoria da casa, a troca já começou a ser feita e os Boras antigos serão doados.
Os deputados têm direito ainda a tíquetes no valor de R$ 2.700 por mês para compra de combustível. Cada um deles também pode empregar 20 pessoas em cargos comissionados com salários que variam entre R$ 3.765,04 e R$ 6.970,00.
Diante de tantas benesses não é difícil entender por que o Rio lidera a relação candidato/vaga para a Alerj: são 27,6 candidatos por vaga, no total de 1.932 postulantes ao cargo de parlamentar. Em São Paulo, por exemplo, essa relação cai para 21,05% —1.979 pleiteiam uma das 94 vagas da Assembleia Legislativa.