Por thiago.antunes

Rio - Apesar de ser o método mais usado para monitorar o risco da dengue, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) não é o mais eficiente. Pesquisa da Fiocruz, encomendada pelo Ministério da Saúde, mostra que pequena ‘armadilha’ que captura ovos do inseto, a Ovitrampa, é o meio mais sensível de avaliar a infestação do mosquito.

O estudo durou dois anos e meio e analisou, além do índice de larvas (LIRAa) e da Ovitrampa, a Adultrap, o BG Sentinel e a Mosquitrap, armadilhas que capturam o mosquito na fase adulta. De todas, a Ovitrampa recebeu a nota máxima nos cinco critérios analisados, foi a que melhor pegou o ‘alvo’, além de ser a mais barata. Já o método com as larvas recebeu a pior avaliação.

Agente de Saúde coloca Ovitrampa dentro de residência de cariocaUanderson Fernandes / Agência O Dia

De acordo com Denise Valle, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz e coordenadora do projeto, o LIRAa analisa apenas a presença de focos em imóveis, sem contar a quantidade dos futuros mosquitos. “Uma tampa de garrafa e uma caixa d’água recebem a mesma avaliação, no LIRAa, porque não é considerada a quantidade de larvas.”

A pesquisadora ressalta ainda que o levantamento depende da busca ativa dos agentes de saúde e da autorização da entrada nas casas, o que nem sempre acontece.

Segundo ela, a Ovitrampa consegue monitorar o Aedes de forma eficiente, principalmente, porque reproduz o ambiente preferido do mosquito para colocar ovos. A armadilha usa um vaso preto, água com uma substância que atrai a fêmea. “Cerca de 90% dos ovos colocados ali são de Aedes”, disse. O estudo foi feito em quatro regiões do país com maior incidência de dengue: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. No Rio de Janeiro, participaram os municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Agentes de saúde também participaram da pesquisa.


No Rio, técnica já é usada há dois anos

No município do Rio de Janeiro, a Ovitrampa é usada há dois anos e hoje todos os bairros da cidade recebem o equipamento. De acordo com Marcus Vinicius Ferreira, coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde, todo mês 3.450 pequenas armadilhas são distribuídas. Ele ressalta, porém, que a técnica é complementar ao LIRAa e não pode substituir o levantamento de larvas.

Segundo Marcus, o LIRAa mostra quais são criadouros mais usados pelo mosquito de acordo com a região da cidade. “Se em um bairro percebemos que focos estão em caixas d’água, podemos distribuir capas, por exemplo”. O levantamento e a armadilha são feitos nos mesmos locais na cidade.

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