Rio - Com uma hora de atraso e acompanhada de seu ex-ministro Carlos Lupi, candidato do PDT ao Senado, e do governador Luiz Fernando Pezão, a presidenta Dilma Rousseff participou nesta quinta à noite de seu primeiro ato público de campanha no Rio. Mais de 300 pessoas, entre elas 62 prefeitos, segundo os organizadores, lotaram uma churrascaria em São João de Meriti para apoiar a reeleição dela e de Pezão, no movimento ‘Dilmão’.
Na semana passada, o presidenciável tucano Aécio Neves lançou sua candidatura no estado numa caminhada em Queimados, também na Baixada Fluminense. Mas, apesar do movimento intitulado ‘Aezão’, que prega voto casado em Aécio e Pezão, o governador não participou.
“A verdade vai vencer o pessimismo”, discursou Dilma. “Agora eles falam da economia como falavam da Copa. Mas a crise nunca chega. Eles desempregaram 60 milhões e nós empregamos 20 milhões. Enfrentamos a crise sem reduzir empregos, mas reduzindo impostos para gerar empregos”, afirmou a presidenta.
Pezão, por sua vez, tentou afastar as especulações de que não votará em Dilma. “A senhora é uma das maiores amizades que fiz na vida e nada vai nos separar. Vou pedir votos para agradecer a tudo o que a senhora fez pelo Rio, ajudando a realizar os sonhos deste estado, que só foram possíveis a partir de 2006 com a parceria entre Lula e Cabral”, disse o governador.
Segundo o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (sem partido), das dez maiores cidades do estado, nove têm prefeitos que apoiam a reeleição da presidenta. “Apoiam Dilma os prefeitos das cidades que representam 65% a 70% do eleitorado. São números representativos”, afirmou.
Coordenador da campanha de Dilma no Rio, o vice-prefeito Adilson Pires (PT) tentou colocar panos quentes na polêmica criada pelo fato de o primeiro evento de campanha dela ter sido com o PMDB do governador Pezão e não com o companheiro de PT Lindberg Farias.“Isso já estava previsto e todos sabiam. A presidenta Dilma virá ao Rio cinco vezes nesta campanha. Uma com cada candidato que a apoia — Pezão, Lindberg, Garotinho e Crivella — e uma quinta vez por ela mesma. Não vejo onde está o problema”, argumentou Adilson.
O evento de Dilma com os prefeitos foi no município comandado por Sandro Mattos (PDT), um dos aliados do candidato do PT ao governo, Lindbergh Farias. São João de Meriti é onde está também o principal comitê eleitoral do petista. Horas antes da chegada de Dilma ao Rio, Lindberg evitou comentar o evento da presidenta com Pezão. “Eu não tenho nada a declarar sobre esse encontro”, disse o petista, durante caminhada em Duque de Caxias.
Lindberg é alvo de fogo amigo na corrida pelo governo
Candidato a governador pelo PT, o senador Lindberg Farias tem sofrido no próprio partido ao tentar fazer sua candidatura decolar. O fogo amigo é intenso. Alguns dos principais nomes do partido no estado, como o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, estão com os pés mais na campanha pela reeleição de Luiz Fernando Pezão do que na chapa de Lindberg com PC do B, PSB e PV, além de parte do PDT.
O evento desta quinta, o primeiro de Dilma no estado, foi de apoio a Pezão. E teve Adilson e Rodrigo entre seus principais articuladores. Oficialmente, o prefeito de Niterói diz apoiar as duas candidaturas, como Dilma, que no Rio apoia Lindberg, Pezão, Garotinho e Crivella, uma geleia geral de difícil compreensão para o eleitor. Adilson, por sua vez, tem evitado falar. Sua situação é complicada: é vice-prefeito, eleito ao lado de Eduardo Paes, do PMDB, outro que também está entre a cruz e a espada, ou melhor, entre Dilma e Aécio.