Por paulo.gomes

Rio - O escândalo envolvendo o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) deve virar uma CPI na Câmara Municipal. No sábado, vereadores já começaram a se articular para que as informações de desvio de dinheiro de convênios da Secretaria Municipal de Assistência Social sejam investigadas. Neste domingo, está previsto encontro de um grupo de parlamentares para tratar o assunto.

A ex-mulher do deputado revelou suposto esquema de corrupção envolvendo o político enquanto ele era secretário de Assistência Social. Segundo as revistas ‘Veja’ e ‘Época’, Vanessa Felippe gravou conversas do ex-marido em que ele revelaria ter aberto uma conta na Suíça e que teria esquema para uma renda mensal de R$ 85 mil a R$ 100 mil com desvio de dinheiro de convênios feitos pelo município, inclusive do Programa Bolsa Família.

No sábado%2C o prefeito Eduardo Paes afirmou que Rodrigo Bethlem (foto) 'deve uma satisfação para a sociedade'Uanderson Fernandes / Agência O Dia

A Casa está em recesso e as atividades só voltam no dia 5, mas o caso já é considerado pauta prioritária no retorno do plenário. “Se ninguém propuser uma CPI, eu tomarei essa iniciativa. A Câmara tem obrigação de se envolver nessa discussão”, disse o vereador Reimont (PT), que espera investigação a fundo. “A Assistência Social é uma secretaria que atua em prol dos mais empobrecidos. Esse dinheiro precisa voltar”.

Jefferson Moura (Psol) é outro vereador que pensa em pedir abertura de CPI. Ele conta que seu gabinete levantou dados dos contratos da ONG Casa Espírita Tesloo, citada como a pagadora da propina, que serão encaminhados ao Ministério Público. Eliomar Coelho (Psol) lembra que, em fevereiro de 2013, foi aberta sindicância na Secretaria de Desenvolvimento Social (novo nome para a pasta). O vereador disse ter pedido informações sobre o processo.

“A secretaria deu uma resposta vazia sobre os contratos e se recusou a enviar a sindicância”, disse, lembrando que denunciou esquema de membros de ONGs que faziam cadastro de cariocas para receber benefícios, mas se incluíam na lista de beneficiados.

Para a CPI sair do papel, são necessárias ao menos 17 assinaturas dos 51 vereadores. Renato Cinco (Psol) disse que em 2013 tentou abrir CPI para investigar suspeitas de superfaturamento nos contratos da Tesloo, mas só conseguiu oito assinaturas. “A prefeitura continua com maioria dos vereadores. Vamos avaliar que medidas tomar para ter mais efetividade”.

Entenda o caso

A ex-mulher do deputado federal Rodrigo Betlhem (PMDB), um dos braços direitos do prefeito Eduardo Paes, revelou um suposto esquema de corrupção envolvendo o político no período em que ele esteve à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social. A empresária Vanessa Felippe gravou conversas em que o ex-marido revelaria ter aberto uma conta na Suíça e que também conseguira montar um supersalário de R$ 85 mil a R$ 100 mil com desvio de dinheiro de convênios feitos pelo município, inclusive do Programa Bolsa Família.

Há 15 dias a empresária está internada numa clínica de repouso. Ela, que ganharia R$ 20 mil de pensão em dinheiro vivo, teria se jogado do terceiro andar de um shopping da Barra da Tijuca. As conversas com o ‘ex-xerife’ do Rio, como ficou conhecido ao assumir a Secretaria Ordem Pública, antes da pasta da Assistência Social, teriam sido gravadas, em 2011, no apartamento de Vanessa, na Barra. O casal estaria naquele momento acertando detalhes do divórcio. A empresária instalou câmeras por todo o apartamento.

“Você está careca de saber que fui à Suíça abrir uma conta. Não seja hipócrita”, teria dito o parlamentar, segundo as revistas, numa das gravações. Ontem, as denúncias de corrupção já provocaram estragos na Prefeitura do Rio. Bethlem não vai ter apoio de Paes. Pelo contrário. Em nota divulgada ontem à noite, o município diz querer esclarecimentos sobre o episódio.

“Ao tomar conhecimento, através de reportagens das denúncias envolvendo o deputado federal, a prefeitura decidiu abrir investigação dos contratos citados nas matérias referentes à época em que Bethlem ocupava o cargo de secretário municipal de Assistência Social. A prefeitura informa que não possui mais convênio com a Tesloo. Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão”.

Comandada pelo major reformado da PM Sérgio Pereira de Magalhães, a Casa Espírita Tesloo foi alvo de investigações pelo Tribunal de Contas do Município. Em nota, Bethlem disse que a ‘ex-mulher está arrependida e escreveu declaração onde assumia as consequências de seu ato. Num documento, registrado em cartório, ela admite que as denúncias são mentirosas, motivadas pelo descontentamento com o fim do casamento’.

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