Rio - Em três dias, 15 cidades e 848 quilômetros rodados. A bordo de uma van estilizada, com bancos de couro e frigobar, o deputado federal Romário (PSB) percorre todo o Estado do Rio para se apresentar como candidato à vaga disponível ao Senado — claro, com o conforto de uma grande produção por trás.
À sua volta, a estrutura é capaz de causar inveja até a postulantes ao Palácio Guanabara. São mais de 30 pessoas, acomodadas durante o trajeto em outras duas vans, além de ter um caminhão a tiracolo, com o material de campanha. Nas cidades utilizadas como base, a equipe é devidamente instalada em hotéis.
Toda essa gente é encarregada pelas filmagens, pelos equipamentos de som, contato com a imprensa, planejamento do trajeto e o bem-estar do craque. Toalhinhas para o suor e água mineral sempre estão às mãos. Há ainda as ‘romaretes’ — responsáveis por distribuir seus panfletos e despertar a simpatia dos transeuntes — que sempre estão com ele nas ruas. Todas devidamente bem maquiadas.
Alunas
“Contamos com mais gente, além da equipe fixa”, explica um funcionário do craque. Ontem em Petrópolis, por exemplo, havia alunas da rede municipal (a cidade é governada pelo PSB) carregando bandeiras de Eduardo Campos, presidenciável socialista. “Não ganhamos nada, só o almoço. Viemos pelo Romário”, confidenciou uma delas animada, embora estivesse desde às 8h da manhã em pé.
“O objetivo é continuar crescendo na campanha e, no dia 5 de outubro, ser eleito. Mas para isso a gente tem que trabalhar muito e é o que estamos fazendo”, explicou Romário. “Não medimos esforços.”
Não mesmo. Para além da estrutura, não há folga das jornadas que começam às 9h e se encerram depois das 21h. Hoje, por exemplo, ele pousa em Teresópolis; amanhã, no Complexo do Alemão; e, no domingo, Niterói e Magé. Para onde for, todo mundo vai atrás.
Ontem, quando O DIA o acompanhou por Petrópolis, o candidato estava especialmente animado, com o resultado da pesquisa Ibope, que lhe dava liderança com sete pontos percentuais de vantagem sobre Cesar Maia (DEM), o segundo colocado na corrida ao Senado. Em vários momentos, ele cantou e dançou seu jingle funk, que repete seus números.
Não faltaram selfies, fotos posadas e os autógrafos. O DIA, entretanto, não viu ninguém perguntar sobre plataforma política. Quem parava um pouco para troca de ideias reclamava dos políticos e o parabenizava por sua história nos gramados.
Os amigos Rodrigo de Sousa, 21, e Jonatas Romas, 26, ambos vascaínos, tiraram fotos, mas não garantiram o voto. “Ele é ídolo. Mas não sei se vou votar nele”, entregou Rodrigo, e Jonatas completou: “Tenho que analisar.” Já a dona de casa Sílvia D’Ouro, 43, correu com papel na mão para o autógrafo: “Não é todo dia que vem artista a Petrópolis.”
‘Romaretes’ inovam no corpo a corpo do deputado
Abrindo caminho para Romário, vão três ‘romaretes’. Ao todo são oito meninas, sempre devidamente maquiadas e com lindo sorriso no rosto. Elas são encarregadas de angariar a simpatia dos transeuntes e entregar os panfletos do deputado federal, agora, candidato do PSB ao Senado. “Sou contratada direitinho, recebo pelo trabalho, mas faço com muito gosto”, confidenciou uma delas. Todas com quem O DIA conversou preferiram não dar nomes. “O nome mais importante aqui é o do Romário”, despistou outra ‘romarete’.
Uma parte delas já esteve na campanha de 2010, quando o ex-jogador disputou uma vaga para a Câmara dos Deputados. Outro grupo, o procurou voluntariamente para trabalhar na campanha, segundo a assessoria de Romário. o deputado. “É simpático. Mulher bonita sempre combina com futebol”, opinou o vigilante Marcílio Gomes, 33, que também tietou o ex-jogador.
Questionada sobre de onde vem o financiamento da megaestrutura de Romário, a coordenação da campanha respondeu que vem do partido, da coligação e de doações de eleitores e que “tudo está devidamente registrado”
Bandeiras petistas são recolhidas
Enquanto caminhou sozinho pela manhã em Petrópolis, Romário evitou as bandeiras de Lindberg Farias (PT), candidato ao governo do estado na sua coligação. Militantes petistas até iniciaram junto o corpo a corpo. Mas durante o trajeto, o irmão do deputado, Ronaldo Faria, pediu que os militantes recolhessem as bandeira sob o argumento de que elas atrapalhavam o contato com o eleitor. Ficaram, no entanto, as bandeiras do presidenciável Eduardo Campos (PSB).
À tarde, agregado à agenda, Lindberg corria para alcançar Romário. Sempre à frente, o deputado não se preocupava em esperar o companheiro de chapa. Houve ainda uma rusga entre membros das equipes, por causa dos carros de som, que acabou rapidamente resolvida.
