Por thiago.antunes

Rio - O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) teve os bens bloqueados pela Justiça na tarde desta segunda-feira. Além dele, a 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro determinou que a ex-mulher do parlamentar, Vanessa Felippe, a ONG Casa Espírita Tesloo e o ex-presidente da entidade, o major reformado da Polícia Militar, Sérgio Pereira de Magalhães Junior, também tivessem os bens bloqueados.

Os sigilos bancário e fiscal dos quatro também serão quebrados por determinação jurídica. A informação é da revista 'Época'. O pedido de bloqueio de bens e quebra de sigilo foi feito pela promotora Gláucia Santana, da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Cidadania. A determinação do bloqueio é da juíza Alessandra Cristina Tufvesson Peixoto.

Bethlem (D) teve bens bloqueados pela JustiçaPaulo Araújo / Agência O Dia

A promotora Gláucia Santana investiga suspeita de desvios de dinheiro nos contratos entre a ONG Tesloo e a Secretaria Municipal de Assistência Social. Na época da assinatura de parte dos contratos, em 2011, Bethlem comandava a secretaria. Ela informou à Justiça que rastreia R$ 17 milhões repassados à Tesloo através de contratos assinados na gestão de Rodrigo Bethlem na secretaria. Os repasses da Prefeitura, desde 2005, podem chegar a R$ 80 milhões. Além do cadastro de famílias de baixa renda, a Tesloo cuidava da assistência a usuários de crack.

Bethlem e PM que comanda ONG têm em comum ‘amigos’ que integram milícia

O homem certo, no lugar exato. As amizades — no limite da irresponsabilidade — colocaram no mesmo cenário (a Prefeitura do Rio de Janeiro) o deputado federal Rodrigo Bethlem e o presidente da ONG Tesloo, o major reformado Sérgio Pereira de Magalhães Júnior. Em comum, o parlamentar e o militar têm como ‘amigos’ policiais com serviços prestados à milícia da Favela de Ramos, no Complexo da Maré.

Foram estes homens que Rodrigo Bethlem nomeou para a Secretaria de Ordem Pública e, depois, levou para a pasta de Desenvolvimento Social. Velhos conhecidos de Magalhães desde a época em que o oficial chefiava operações do 22º BPM (Maré).

Ao todo, o deputado levou para a Ordem Pública nove PMs, em 2009, além de ter como subsecretário operacional o delegado Carlos Alberto Oliveira — ele e mais três agentes nomeados foram implicados na Operação Guilhotina, desencadeada pela Polícia Federal para prender uma quadrilha de agentes acusados de venda de armas e drogas para traficantes do Rio. Entre os suspeitos e com jornada de trabalho na prefeitura estava Carlos Teixeira, o Bigu, preso por envolvimento na chacina de Vigário Geral.

Sérgio Magalhães, que viu a sua ONG faturar R$ 72,8 milhões da Prefeitura do Rio, também aparece na lista dos homens investigados pela Polícia Civil por ligações estreitas com milícia em Magalhães Bastos e Sulacap. Na apuração da 33ª DP (Realengo), o oficial surge como um dos responsáveis do grupo paramilitar ao lado de dois ex-subordinados, os irmãos sargentos Ítalo e Ipólito Pereira Campos.

Os três serviram nos batalhões da Maré e de Olaria — áreas de influência do sargento aposentado Ricardo Afonso Fernandes, o Afonsinho, apontado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) como o chefe da milícia da Praia de Ramos.

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