Por adriano.araujo

Rio - Um dos PMs da UPP Jacarezinho, presos em flagrante acusados de estupro contra três mulheres na comunidade, disse em depoimento que presenciou o abuso sexual, mas negou participação no ato. As informações foram dadas pelo corregedor da Polícia Militar, Sidney Camargo.

"Ele disse que não participou do fato, mas que teria visto outros policiais praticando o crime", falou, em entrevista ao RJTV. A Polícia Civil divulgou o nome dos PMs presos em flagrante: Gabriel Machado Mantuano, Renato Ferreira Leite, Wellington de Cássio Costa Fonseca e Anderson Farias da Silva. Dois deles se negaram a dar depoimento, enquanto outro disse não ter participado. Mais dois policiais estão presos administrativamente e será investigada a participação deles no crime.

Ainda segundo Camargo, um Inquérito Policial Militar (IPM) e uma Comissão de Revisão Disciplinar serão abertos para apurar o caso. Segundo ele, devido os policiais terem menos de 10 anos de serviço, a comissão agiliza o processo administrativo, que pode culminar na expulsão dos PMs.

Os policiais da UPP Jacarezinho deixaram a 25ªDP (Engenho Novo) na madrugada desta quarta e foram encaminhados para o Batalhão Especial Prisional (BEP)%2C em Benfica Paulo Araújo / Agência O Dia

?PMs estão presos em Benfica

Os quatro acusados foram transferidos, no fim da madrugada desta quarta-feira da 25ª DP (Engenho Novo), onde estavam presos, para a Unidade Prisional da Polícia Militar (antigo Batalhão Especial Prisional), em Benfica. Outros dois estão presos administrativamente no 3º BPM (Méier). A defesa de um dos suspeitos negou a acusação dos crimes, que teria acontecido na terça-feira.

"Se trata de mais uma ação do tráfico de drogas para desmoralizar a polícia. A situação dos PMs no Rio é frágil, eles não têm acolhimento da sociedade. A população dessas comunidades é obrigada a falar mal do policial. Hoje qualquer pessoa chega por ordem do tráfico, pressionado, vem e presta depoimento contra o policial militar. O tráfico não é bobo. Conhece a legislação e as fragilidades da lei. Essa acusação de estupro é mentirosa", afirmou o advogado Felipe da Silva Simão, que defende um dos quatro PMs presos.

Ainda segundo o advogado, foram feitos quatro reconhecimentos dos 67 PMs da UPP Jacarezinho. Ele criticou o procedimento e disse que apenas no último as supostas vítimas apontaram os PMs suspeitos. Os quatro presos, segundo Felipe, são todos soldados e tem em média três anos na corporação. Felipe disse que uma equipe de seis PMs patrulhavam uma área que é ponto de consumo de drogas. Alguns usuários foram revistados, mas os agentes não se lembram de terem abordado as acusadoras.

Os quatro policiais acusados prestaram depoimento durante a noite e toda a madrugada. Eles foram encaminhados para exame de corpo de deito no Instituto Médico Legal (IML) e depois levados sob escolta para o BEP. Os outros dois PMs que participavam da guarnição foram presos preventivamente, apesar de não terem sido reconhecidos pelas supostas vítimas.

Os crimes dos quais os PMs são acusados teriam ocorrido perto da linha do trem, onde viciados se concentram para consumir a droga. Após a denúncia feita na 25ª DP ainda na madrugada de terça, todos os 67 PMs que estavam de plantão foram levados à delegacia.

Civil não descarta exame de DNA

De acordo com o delegado Niandro Ferreira, que instaurou inquérito, foi realizada perícia no local, e as mulheres, encaminhadas para exame de corpo de delito no IML. Somente o laudo poderá indicar se houve estupro, mas as primeiras informações davam conta que um dos policiais não havia usado preservativo. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de fazer exame de DNA no esperma recolhido para comprovar a identificação do autor do ato.

Além do inquérito na 25ª DP, os PMs responderão a um procedimento na Corregedoria da corporação. Se comprovada a culpa, os militares serão expulsos, conforme afirmou, em nota, a assessoria da corporação. O comandante da UPP Jacarezinho, major Renato Senna, determinou que todos os policiais permanecessem na base, mesmo aqueles que já haviam cumprido seu horário de serviço para que pudessem ser levados à delegacia. A corporação mobilizou um ônibus para o transporte da tropa e muitos militares já estavam à paisana quando chegaram, pela manhã, para o reconhecimento.

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