Por thiago.antunes

Rio - Uma roda de samba que acontece há sete anos e entrou para o calendário cultural da cidade terá que dar lugar ao silêncio, pelo menos por um tempo. Na última quarta-feira, a organização do Samba da Ouvidor, que acontece uma vez por mês na esquina entre a Rua do Mercado e Rua do Ouvidor, no Centro, divulgou nas redes sociais que o evento não terá novas datas até que um patrocinador seja encontrado para ajudar a financiar a festa.

Segundo os organizadores, não há recursos para investir na infra-estrutura do samba de rua que reúne aproximadamente 2 mil pessoas em cada edição, número quatro vezes maior que a média de público nos primeiros anos. “O evento cresceu muito e contamos apenas com a ajuda de bares, que dava para pagar o som e dois banheiros químicos”, disse Gabriel Cavalcante, o Gabriel da Muda, sambista e fundador do evento. “Mas o preço aumentou muito e está difícil segurar a rapaziada. Já tivemos que fazer vaquinha para pagar um instrumentista”, completou.

O grupo de samba da Rua do Ouvidor realiza%2C uma vez por mês%2C as rodas que atraem até 2 mil pessoasDivulgação

Com presenças ilustres como os sambistas Paulo César Pinheiro, Moacyr Luz, Luciana Rabello, além do escritor e jornalista Ruy Castro, o Samba da Ouvidor conquistou público cativo como uma celebração de rua tipicamente carioca. Fazendo os paralelepípedos da antiga Rua do Ouvidor tremerem ao som do bumbo em canções de antigos autores como Candeia e Cartola, até pagodes de novas gerações, a festa não deixará saudade apenas entre os cariocas.

Mineira de Belo Horizonte, Juliana de Souza, de 28 anos, organizava suas viagens para o Rio de acordo com as datas da roda de samba (sempre divulgada pelas redes sociais). “Fiquei chocada com a notícia. Este tipo de evento de rua deveria ser tombado no Rio. Eu recomendo para toda a mineirada que vai se aventurar por aí.”

Segundo Gabriel da Muda, hoje a organização do Samba da Ouvidor terá uma reunião na prefeitura para tentar apoio. Ele acredita que o vínculo criado entre a população e a festa é a maior esperança para que não deixem o samba morrer. “O Rio precisa de bons eventos de rua. Com todo esse apoio que estamos tendo, passo a acreditar na força que a gente tem”, disse.

Você pode gostar