Por paulo.gomes

Rio - Policiais da Divisão de Homicídios (DH) da Capital desarticularam uma quadrilha especializada em "saidinha de banco", responsável pelo assassinato da empresária Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, a Tintim, no dia 17 de julho, na Gávea, Zona Sul.

De acordo com a polícia, Wendel dos Santos Gomes, 34 anos, um homem conhecido como Júnior Playboy, Vitor Brunizzio Teixeira, 25, Marcus Vinicius do Nascimento Bonfim, 21 e Jardel Wanderson de Oliveira Villas Boas, 28, foram os responsáveis pelo crime. Vitor, Marcus Vinicius e Jardel estão presos.

Jardel Wanderson%2C Vitor Brunizzio e Marcus Vinicius foram presos pelo assassinato da empresária Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas%2C a TintimSeverino Silva / Agência O Dia

Segundo as investigações, os criminosos estavam numa moto e num carro. Atrás de uma vítima, Vitor Brunizio entrou na agência bancária onde Tintim retirou os R$ 13 mil para pagar os funcionários do Restaurante Guimas. Quando ouviu o valor que seria sacado pela empresária, retornou para o automóvel. No momento em que Tintim deixou o banco, foi abordada por Jardel, que em seguida efetuou os disparos.

"Queria pedir desculpas à família, a intenção não era essa, não era atirar. Se arrependimento matasse, não estaria aqui", disse ele.

Jardel fugiu na moto que estava sendo pilotada por Júnior Playboy. Já Vitor seguiu no carro que estava sendo dirigido por Wendel, considerado o mentor do crime e chefe da quadrilha. "É uma quadrilha experiente. Pode ser que tenham praticado outros roubos com o veículo que pertence à mãe de Wendel. Por não ser um carro roubado, não levantava nenhum tipo de suspeita", disse o delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH/Capital.

Apontado pela polícia como o líder da quadrilha%2C Wendel dos Santos Gomes%2C 34 anos%2C ainda está foragidoSeverino Silva / Agência O Dia

Líder da quadrilha, Wendel ficou com 7 mil reais do dinheiro roubado da empresária. A polícia suspeita que tenha mais uma sexta pessoa envolvida no crime, pois o restante do grupo levou apenas R$ 1 mil. A destino do restante do dinheiro ainda é desconhecido. O Portal dos Procurados lançou, nesta sexta-feira, cartaz de divulgação com a foto de Wendel, dando recompensa de R$ 1 mil por informações que levem à sua captura. Denúncias podem ser feitas no telefone 2253-1177. O anonimato é garantido.

Celular da vítima era vendido na Uruguaiana

Os policiais chegaram até os criminosos após analisarem as imagens de câmeras de segurança da rua, do banco e também do aparelho celular de Tintim, que estava sendo vendido por R$ 400 na Uruguaiana, no Centro. Segundo Fernando Veloso, chefe da Polícia Civil, o crime provocará uma mudança de procedimento no momento da identificação de suspeitos de roubo utilizando motos.

"Por causa desse caso, vamos mudar o procedimento com pessoas presas usando capacete. Agora, as delegacias vão ter que tirar as fotos das pessoas também de capacete e das motocicletas".

Advogado diz que família mantém luto

Tintim levou um tiro na cabeça%2C quinta-feira à tardeReprodução

O advogado da família de Tintim, Leonardo Viveiros, disse que apesar de os parentes estarem satisfeitos com o trabalho da polícia, o luto se manterá. O trio está preso temporariamente e indiciado por latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. Todos os envolvidos já tinham sido condenados por roubo e outros crimes.

A polícia ainda investiga suposta participação de um menor no crime. Dos R$12 mil roubados, R$ 7 mil ficaram com Wendel e cada outro integrante ficou com R$ 1 mil. Os outros mil reais, a polícia diz que podem ter sido pagos a um menor . Segundo depoimento dos presos, Wendel teria ficado com a maior parte do dinheiro para poder pagar o aluguel da arma e para comprar um novo carregador, que foi perdido durante a ação. Além dele ter conseguido o carro para o crime.

A polícia contou ter localizado o telefone celular da vítima quatro dias após o crime. Dez dias depois, identificaram os envolvidos. Os agentes usaram imagens de câmeras do banco, da CET-Rio e de estabelecimentos da região para identificar os criminosos.

Sempre de alto astral

O assassinato da empresária chocou moradores e frequentadores de tradicional restaurante na Gávea.Apontada por conhecidos como dona de personalidade forte e de simpatia contagiante, Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, de 56 anos, se tornava simplesmente Tintim para quem conversasse com ela por cinco minutos.

Ao DIA, no dia do assassinato, amigos destacaram o alto astral da empresária, que era formada em Programação Visual e casada com o português Chico Mascarenhas há mais de 40 anos. “Ela era um amor. Daquelas pessoas que trabalham para caramba, sempre com um sorriso no rosto. Supergentil e carinhosa. Abraçava, beijava. Não tinha quem não gostasse dela”, contou o técnico em informática Eduardo Medeiros, 63, e há mais de 50 era amigo do casal.

Delegados criticam segurança de bancos

Os delegados Rivaldo Barbosa, titular da DH, e Geneton Lages, criticaram a segurança nas agências bancárias e alegaram que os clientes ficam expostos. Segundo contaram, a agência deixou a empresária em uma situação de vulnerabilidade, já que todos no saguão tinham como saber que ela sacaria uma grande quantia em dinheiro.

“Os bancos possuem uma sala reservada para os clientes. Quem entra lá é porque vai sacar uma grande quantia. Os bancos protegem seu patrimônio, mas não os clientes”, disse Rivaldo Barbosa. De acordo com a polícia, Tintim era correntista numa agência no Shopping Fashion Mall, em São Conrado, mas, como a unidade estava em obras, escolheu sacar perto de seu estabelecimento.

Quando chegou ao banco, apesar de ter marcado o saque com o gerente, a quantia não estava separada. Ela precisou esperar 40 minutos para sair com o dinheiro. Devido à demora, chegou a pedir rapidez no atendimento e acabou dizendo o valor do saque.

Neste momento, Vitor a escolheu como vítima. Ele saiu da agência e passou as informações para um segundo integrante, identificado apenas como Júnior Playboy. Quando Tintim deixou a agência, Playboy saiu junto e deu o sinal para que a abordagem fosse feita. Jardel aproximou-se da empresária quando ela parou em uma barraca de camelô. Ao tentar reagir, acabou baleada e faleceu no local. “Eu quero pedir desculpas à família. O tiro foi acidental não queria tirar uma vida e nem destruir a família”, lamentou Jardel.

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