Rio - Um monopólio centenário que está a menos de 24 horas do seu fim. Amanhã, a empresa Rio Pax assume oficialmente a gestão de seis — de 13, no total — cemitérios do Rio que eram de responsabilidade da Santa Casa de Misericórdia. É a primeira etapa do processo de ‘privatização’ do sistema funerário da cidade. Algumas mudanças, no entanto, já começam a partir de hoje, com a publicação de dois decretos no Diário Oficial da prefeitura. Um deles trata da transição da administração e o outro cria o regulamento cemiterial, que deve ser seguido pelas prestadoreas de serviços funerários.
Umas das exigências agora, de acordo com o decreto, é que todo cemitério deve ter uma sala de necropsia, um incinerador de lixo, forno crematório, local para estacionamento, agência funerária e lojas para refeições e venda de flores. Mesmo com a exploração do serviço por particulares, a prefeitura determinou que a permanência das gratuidades para a população de baixa renda.
A RioPax ganhou o direito de concessão por 35 anos do chamado lote 2, que tem os cemitérios São João Batista (Botafogo), de Jacarepaguá, Irajá, Inhaúma, Campo Grande e Piabas (Vargem Grande). O consórcio vai pagar R$ 13 milhões de outorga. Somente em obras, a empresa deve gastar R$ 70 milhões.
O primeiro lote ainda está no prazo de recursos. Quem fez o maior lance na concorrência pública foi o consórcio Reviver, que ofereceu R$ 70 milhões para ficar com os cemitérios São Francisco Xavier (Caju), do Murundu (Realengo), de Paquetá, Santa Cruz, de Ricardo de Albuquerque, Guaratiba e da Cacuia (Ilha). O secretário municipal da Casa Civil, Guilherme Schleder, calcula que a prefeitura deve ganhar com o repasse do serviço para a iniciativa privada R$ 300 milhões.
“O município não lucrava nada, não havia regras claras e tudo acontecia ao belprazer da Santa Casa. Agora, a gente coloca um ponto final nesta desorganização. E, se as empresas não cumprirem o determinado, elas vão perder a concessão”, afirmou Schleder.
Cemitério com dados on-line
Visitação assistida no São João Batista, onde estão celebridades como Cazuza e Tom Jobim, uso do cartão de crédito para pagar o funeral — atualmente, a maioria só aceita pagamento à vista ou em dinheiro — e o fim da cova rasa. Essas são medidas que vão ser implantadas com a saída da Santa Casa da administração. Mas não serão as únicas.
A implantação do cemitério online vai permitir que as famílias façam buscas num programa e descubram, na mesma hora, onde estão enterrados seus parentes. Quem tiver jazigo, terá uma senha que permite acessar informações como o tempo de exumação que falta para cada corpo. O sistema vai ajudar também as funerárias, já que será possível fazer um rastreamento de quais cemitérios têm vagas e os horários disponíveis.
Mudanças vão alterar os preços
As mudanças vão representar também aumentos em algumas tarifas. As alterações devem começar a valer esta semana. Registrar sepultamento nos cemitérios ou a entrada e saídade de caixas de ossos vai passar de R$ 6,31 para R$ 6,67. Os caixões vão ter também uma alta. O mais barato para adulto custava R$ 144,17. Agora, vai sair por R$ 152,50. Já o mais caro vai pular de R$ 364,40 para R$ 385,46. A cremação vai de R$ 1.021,05 para R$ 1,7 mil
O aluguel das capelas, que antes era pelo tamanho do espaço, agora passa a ser de acordo com o cemitério. No São João Bastista, vai custar R$ 500. Em Irajá e Jacarepaguá, R$ 400. E, no Caju e Campo Grande, R$ 300. Nos demais, o preço será R$ 200.