Rio - O cão farejador Jack, do Batalhão de Ações com Cães (BAC) da PM, foi encontrado após ficar desaparecido desde a última sexta-feira, durante uma operação na Favela da Sapinhatuba, em Angra dos Reis, na Região da Costa Verde. O labrador, um dos melhores da corporação no farejamento de armas, drogas e explosivos do grupamento, passa bem e foi achado por uma senhora moradora do Morro da Glória II, próximo ao local de desaparecimento.
Jack foi levado por ela ontem a noite até o Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) da comunidade e já se encontrava no batalhão nesta manhã.
Policiais do BAC desencadeavam operações nos morro da Sapinhatuba I, II e III, além de Areal, um dos complexos mais violentos de Angra dos Reis, no Sul Fluminense, desde sexta-feira por causa do desaparecimento. O labrador foi visto pela última vez quando entrou numa trilha da favela. Nesta segunda-feira, mais de 20 homens davam continuidade às buscas, sem obter sucesso.
“Tudo indica que os bandidos realmente tenham pego Jack, que tem cerca de cinco anos de idade e é chamado por nós de 'destruidor de bocas de fumo´, porque mensagens pichadas em muros da comunidade começaram a dar falsas pistas aos nossos policiais que estão empenhados em encontrar o paradeiro do cão”, lamentava no início da noite um dos policiais, que pediu para não ser identificado, pois o comando da PM proibiu os agentes de comentarem o assunto.
Mais cedo, o comandante do BAC, tenente-coronel Júlio César Martins, comentou com jornalistas que existem “várias vertentes” para o sumiço de Jack, mas que “naquela área de mata (da região de Angra) agem muitos traficantes”.
Em nota, a assessoria de imprensa da corporação informou que quatro equipes estavam vasculhando a região e empreendendo “todos os esforços para encontrar Jack”. O assunto comove os integrantes do BAC, pela história que envolve o cachorro, encontrado abandonado na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte, há aproximadamente quatro anos.
Adotado pelos policiais, ele foi adestrado e, ao lado de outro labrador, Boss (chefe, em inglês) - que ficou conhecido como o ‘Capitão Nascimento de quatro patas’, hoje aposentado, tornou-se um dos xodós da matilha.
Os intensos treinamentos, incluindo rapel, o fez virar estrela ao descobrir esconderijos com toneladas de drogas, bombas e armamentos durante ocupação do Complexo da Maré pelas forças de pacificação em março deste ano.
Em 2010 Boss foi ameaçado de morte
Não é a primeira vez que um cão do BAC se vê ameaçado por traficantes. Conforme o DIArevelou na edição do dia 28 de outubro de 2010, policiais revelaram que o labrador Boss estava ameaçado de morte por traficantes. Nas favelas onde havia ações do batalhão naquela época, bandidos ordenavam pelos radiotransmissores que seus comparsas atirassem no animal para matá-lo.
‘Mirem (as armas) no marronzinho (em alusão à cor do labrador)!’, ordenavam os traficantes. A ira das quadrilhas tinha explicação: em apenas um dia, durante operação em 2010 no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte, por exemplo, Boss farejou, atrás da parede falsa de uma casa abandonada, 400 quilos de maconha, além de farta munição e carregadores. Atualmente, o BAC tem pelo menos 80 cães, que estão sendo treinados também para atuar nas Olimpíadas de 2016.
?Com reportagem de Francisco Edson Alves