Por daniela.lima

Rio - Acusados de envolvimento na morte do cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, atingido na cabeça por um rojão enquanto cobria manifestação no Centro do Rio, em 6 de fevereiro deste ano, os jovens Caio Silva de Souza e Fábio Raposo irão a júri popular. A decisão foi tomada, ontem, pelo juiz Murilo Kieling, do Terceiro Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A data do julgamento ainda não foi definida. Ainda cabe recurso.

Caio e Fábio respondem por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de explosivo). Após ser atingido pelo rojão, Santiago Andrade ficou internado no Hospital Souza Aguiar por quatro dias e morreu em decorrência dos ferimentos. A explosão lhe causou afundamento no crânio.

DENÚNCIA

Segundo a denúncia, Fábio teria entregado o rojão para Caio com a finalidade, previamente, de direcioná-lo ao local onde havia uma multidão, inclusive composta por policiais militares. Na época, os dois afirmaram que já se conheciam de outras manifestações e agiam juntos.

Abalada, a filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa Andrade, preferiu não se manifestar sobre a decisão. Em maio, durante a última audiência de instrução do caso, Caio e Fábio optaram por ficar em silêncio. Os advogados decidiram fazer as alegações por escrito e disseram que dispensaram as testemunhas porque o juiz indeferiu o pedido para que fossem trocadas as pessoas que seriam ouvidas.

Quatro das 17 testemunhas do caso foram ouvidas em audiência realizada em abril. Argumentando que os réus colaboraram com as investigações, a defesa pediu a revogação da prisão preventiva, o que foi negado pelo juiz Murilo Kieling.

Experiente, Santiago trabalhava, havia 10 anos, na Band, onde participou de diversas reportagens sobre as dificuldades enfrentadas pelos usuários de transporte público na cidade.

A cobertura jornalística do tema – que motivou o início dos protestos no Rio em 2013, após o anúncio do reajuste da tarifa de ônibus – lhe rendeu dois prêmios jornalísticos de Mobilidade Urbana, em 2010 e 2012, ao lado do repórter Alexandre Tortoriello.

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