Por thiago.antunes

Rio -  O Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Duque de Caxias determinou, em maio desse ano, que um dos investigados pela polícia de ter assassinado Adenilda Amaro da Silva, 37 anos, mantivesse uma distância superior a 500 metros da vítima, além da proibição de manter qualquer tipo de contato (telefone, e-mail, SMS, redes sociais) com ela. A medida, no entanto, não surtiu efeito. Adenilda foi morta a tiros na madrugada desta terça-feira. Um dos suspeitos do crime é seu ex-marido.

Na mesma decisão, foi expedido mandado busca e apreensão de arma de fogo na casa do suspeito. “Considerando a profissão do investigado, havendo a probabilidade de que esse fato seja verdadeiro, a vítima estaria correndo risco ainda maior”, afirmou o juiz Antonio Cardoso em sua decisão.

Morta na frente do filho

Empresária do ramo de decorações Adenilda foi morta a tiros em casa, no bairro de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com o cunhado da vítima, o mecânico Gilberto Muniz de Andrade, 46, o crime foi cometido pelo ex-marido de Adenilda na frente do filho do ex-casal de apenas sete anos. Um disparo, segundo ele, atingiu a vítima na cabeça. Ela chegou a ser levada ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio, mas não resistiu aos ferimentos.

Adenilda foi morta na frente do filho de 7 anosReprodução Internet

O mecânico conta que flagrou o marido deixando a casa após efetuar os disparos. Segundo Andrade, o homem chegou a ameaçá-lo caso tentasse se aproximar. "A minha casa e a da Adenilda são no mesmo terreno. Eu acordei com os disparos às 3h50 da manhã. Foi primeiro um disparo e depois dois em sequência. Eu corri para ver o que tinha acontecido e o vi tentando fugir. Eu gritei por ele e ele me mandou voltar para a casa. Quando eu tentei perguntar o que tinha acontecido, ele ameaçou pegar a arma e me obrigou a voltar", lembra.

Ainda segundo ele, após o ex-marido de Adenilda deixar o local, o filho mais velho da empresária apareceu na porta da casa em estado de choque. O mecânico entrou na casa e encontrou o filho mais novo de Adenilda, de sete anos, aos prantos. No quarto, encontrou a empresária caída perdendo muito sangue e o atual companheiro dela apavorado.

"O meu sobrinho mais novo chorava, perguntava se a mãe dele iria morrer. O atual companheirto dela estava apavorado, sem saber se o ex-marido dela ainda estava na casa. A gente chegou a ligar para os bombeiros, mas eu preferi levar ela ao hospital. Enrolei ela no edredon e levamos ela ao Getúlio Vargas porque lá tem atendimento neurológico. Coisa de sete minutos depois que ela foi atendida, o médico informou que ela tinha falecido", relatou o mecânico.

"Ele fez um grande mal não só a ela mas também ao garoto mais novo. Ele não tem ideia do mal que ele fez. Um menino que precisa de uma atenção especial, tem déficit de atenção e é hiperativo. Ele fica o tempo todo perguntando se o pai vai voltar para matar todo mundo, pedindo a mãe de volta e a gente tem que explicar para ele que a mãe dele está com papai do céu", disse, emocionado.

Andrade relata que Adenilda vinha sofrendo ameçadas do ex-marido há pelo menos oito meses por não aceitar o fim do relacionamento. "Ele já tinha aparecido armado há uns três meses na rua, mas uma pessoa viu e ela conseguiu correr". A empresária teria feito pelo menos oito registros na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) da Baixada. No final do relacionamento, o suspeito teria mantido relações sexuais com a mulher à força.

A empresário foi enterrada no Cemitério Tanque do Anil, no Bairro 25 de Agosto, em Duque de Caxias. De acordo com a delegada Cristiana Miguel Bento, titular da Deam/Caxias, Adenilda Amaro da Silva realizou seis registos de ocorrência na especializada. A vítima procurou a unidade para comunicar um crime de lesão corporal, um de injúria e quatro de ameaça. Dois inquéritos foram arquivados pelo Ministério Público por falta de provas, os outros quatro estão em andamento.

Ainda segundo a delegada, Adenilda foi encaminhada para exame de corpo de delito, mas não realizou o exame. A titular solicitou à Justiça uma medida protetiva em favor da vítima e comunicou o autor da decisão judicial. A delegada também pediu à Justiça a busca e apreensão de uma arma de fogo usada pelo ex-marido de Adenilda para ameaçá-la, mas a decisão ainda não havia sido deferida pela Justiça.

De acordo com informações da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), as investigações estão em andamento para apurar a morte da empresária. A perícia foi realizada no local, parentes e testemunhas estão sendo chamados para prestar depoimento.

Você pode gostar