Por felipe.martins

Rio - José de Paula Antunes, ex-marido da empresária do ramo de decorações, Adenilda Amaro da Silva, 37 anos, morta a tiro em Duque de Caxias, foi preso por policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) nesta quinta-feira.  De acordo com a delegada titular da especializada, Cristiana Onorato, após negociação com familiares do acusado, ele se entregou, na presença de advogados, na delegacia da Baixada Fluminense. Segundo a delegada, ele confessou ser o autor dos disparos, mas negou que tivesse a intenção de matar Adenilda. Ela foi morta na madrugada de segunda-feira, em casa, na frente do filho de sete anos, com um tiro na cabeça, segundo o cunhado da vítima. 

José de Paula Antunes foi indiciado por homicídio qualificadoDivulgação

"Ele disse que atirou do lado de fora da casa com a intenção de apenas entrar na residência. Ele tentou justificar o ato dizendo que estava com a raiva porque a empresária não deixou ele ver o filho no Dia dos Pais e postou uma foto no Facebook com a criança ao lado do atual companheiro", contou a delegada. 

A versão do ex-marido é completamente diferente da contada pelo cunhado da empresária, responsável por socorrer a vítima. O mecânico Gilberto Muniz de Andrade, 46,  diz que o ex-marido entrou na casa e atirou contra a ex-mulher após ela tentar se esconder no quarto "Ele atirou do corredor para o quarto", disse ele.O relato foi transmitido a ele, pelo atual companheiro da esposa, que também estava no quarto, e pelo filho mais velho da empresária, de 17 anos, que também estava na casa. 

Andrade conta ainda que flagrou o ex-marido da vítima deixando a casa após efetuar os disparos. Segundo Andrade, o homem chegou a ameaçá-lo caso tentasse se aproximar. "A minha casa e a da Adenilda são no mesmo terreno. Eu acordei com os disparos às 3h50 da manhã. Foi primeiro um disparo e depois dois em sequência. Eu corri para ver o que tinha acontecido e o vi tentando fugir. Eu gritei por ele e ele me mandou voltar para a casa. Quando eu tentei perguntar o que tinha acontecido, ele ameaçou pegar a arma e me obrigou a voltar", lembra.

Ainda segundo ele, após o ex-marido de Adenilda deixar o local, o filho mais velho da empresária apareceu na porta da casa em estado de choque. O mecânico entrou na casa e encontrou o filho mais novo de Adenilda, de sete anos, aos prantos. No quarto, encontrou a empresária caída perdendo muito sangue e o atual companheiro dela apavorado.

"O meu sobrinho mais novo chorava, perguntava se a mãe dele iria morrer. O atual companheiro dela estava apavorado, sem saber se o ex-marido dela ainda estava na casa. A gente chegou a ligar para os bombeiros, mas eu preferi levar ela ao hospital. Enrolei ela no edredon e levamos ela ao Getúlio Vargas porque lá tem atendimento neurológico. Coisa de sete minutos depois que ela foi atendida, o médico informou que ela tinha falecido", relatou o mecânico.

Adenilda foi morta na frente do filho de 7 anosReprodução Internet

O ex-marido foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de homicídio qualificado. A prisão foi pedida pela Divisão de Homicídos da Baixada Fluminense. A Justiça determinou a prisão preventiva do acusado, que irá responder o processo preso.

Ameaças

O cunhado relata que Adenilda vinha sofrendo ameças do ex-marido há pelo menos oito meses por não aceitar o fim do relacionamento. "Ele já tinha aparecido armado há uns três meses na rua, mas uma pessoa viu e ela conseguiu correr". A empresária teria feito pelo menos oito registros na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) da Baixada. No final do relacionamento, o suspeito teria mantido relações sexuais com a mulher à força.

"Ele fez um grande mal não só a ela mas também ao garoto mais novo. Ele não tem ideia do mal que ele fez. Um menino que precisa de uma atenção especial, tem déficit de atenção e é hiperativo. Ele fica o tempo todo perguntando se o pai vai voltar para matar todo mundo, pedindo a mãe de volta e a gente tem que explicar para ele que a mãe dele está com papai do céu", disse, emocionado.

De acordo com a delegada Cristiana Miguel Bento, titular da Deam/Caxias, Adenilda Amaro da Silva realizou seis registos de ocorrência na especializada. A vítima procurou a unidade para comunicar um crime de lesão corporal, um de injúria e quatro de ameaça. Dois inquéritos foram arquivados pelo Ministério Público por falta de provas, os outros quatro estão em andamento.

Ainda segundo a delegada, Adenilda foi encaminhada para exame de corpo de delito, mas não realizou o exame. A titular solicitou à Justiça uma medida protetiva em favor da vítima e comunicou o autor da decisão judicial. A delegada também pediu à Justiça a busca e apreensão de uma arma de fogo usada pelo ex-marido de Adenilda para ameaçá-la, mas, segundo ela,  o crime  acabou ocorrendo antes do cumprimento do mandado judicial.

De acordo com informações da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), as investigações estão em andamento para apurar a morte da empresária. A perícia foi realizada no local, parentes e testemunhas estão sendo chamados para prestar depoimento.

Justiça determinou que ex-marido ficasse longe de vítima

O Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Duque de Caxias determinou, em maio desse ano, que um dos investigados pela polícia de ter assassinado Adenilda Amaro da Silva, 37 anos, mantivesse uma distância superior a 500 metros da vítima, além da proibição de manter qualquer tipo de contato (telefone, e-mail, SMS, redes sociais) com ela. A medida, no entanto, não surtiu efeito. Adenilda foi morta a tiros na madrugada desta terça-feira. Um dos suspeitos do crime é seu ex-marido.

Na mesma decisão, foi expedido mandado busca e apreensão de arma de fogo na casa do suspeito. “Considerando a profissão do investigado, havendo a probabilidade de que esse fato seja verdadeiro, a vítima estaria correndo risco ainda maior”, afirmou o juiz Antonio Cardoso em sua decisão.


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