Rio - Três policiais civis denunciados na Operação Guilhotina, em 2011, por envolvimento com traficantes e milicianos, foram expulsos da corporação. Após indiciados e presos por algum tempo, a exclusão dos inspetores Leonardo da Silva Torres, o Trovão, e Flávio de Brio Meister e do investigador Jorge Prado Ramos foi assinada na última sexta-feira pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.
Entre os primeiros policiais expulsos da Civil em decorrência da operação está um antigo conhecido dos cariocas, o Trovão. Considerado exemplo de eficiência na polícia, ele foi um dos autores do episódio que ficou conhecido como Chacina do Alemão, em 2007, em que 19 suspeitos de tráfico foram mortos. O inspetor, que já foi lotado na Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), foi acusado de negociar armas e informações, além de receber propina no valor de R$ 100 mil do tráfico de drogas.
Flagra pelo telefone
O inspetor foi flagrado em uma interceptação telefônica na qual reclama de um policial por ele não ter “entocado” dois fuzis apreendidos em uma operação. Pelo armamento, Trovão conseguiria R$ 150 mil.
Leonardo ficou conhecido pelo comportamento adotado durante operações da Polícia Civil.
Com roupas camufladas e equipamentos utilizados por exércitos estrangeiros, ele tinha o costume de fumar charutos ao fim das incursões com o intuito de “espantar os males”. Trovão, que ganhou destaque nos jornais do Rio há sete anos durante a operação no Complexo do Alemão, também participou do documentário britânico Dançando com o Diabo.
A Operação Guilhotina, desencadeada pela Polícia Federal no dia 11 de fevereiro de 2011, indiciou 45 pessoas, entre delegados e policiais civis e militares. O objetivo era desbaratar uma quadrilha de policiais acusada de vender armas e informações a criminosos, além de subtrair produtos de crime encontrados em operações, como ocorrido no processo de pacificação do Complexo do Alemão. Os agentes contavam com o apoio até de lanchas e helicópteros.
As investigações foram iniciadas a partir de vazamento de informações numa operação conduzida pela PF em 2009, que tinha como principal objetivo prender o traficante Rupinol, que atuava na Favela da Rocinha junto de Nem, então chefe do tráfico. Nem, que está preso, pagava até R$ 100 mil para receber proteção e informações de operações.